*Nadja Lira
A exigência do mercado de trabalho pede cada vez mais especialização dos profissionais e assim, para ter destaque em sua área de atuação, o profissional precisa não apenas de um diploma de graduação, mas de cursos específicos para garantir sucesso na atividade que exerce. Afinal, ninguém seria capaz de se submeter a uma cirurgia sem conhecer o histórico do médico, assim como nenhuma pessoa seria capaz de extrair um dente com um profissional sem a qualificação adequada para tal.
Na área jurídica, não é possível atuar sem a devida qualificação. Assim, para que um advogado possa trabalhar, ele precisa, além do diploma universitário comprovando a conclusão no Curso de Direito, a comprovação de que foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A exigência também ocorre no ramo da construção civil, onde não é permitido a nenhum engenheiro ou arquiteto construir um prédio sem a devida habilitação. Neste caso não basta ter a qualificação adequada, mas uma responsabilidade enorme com os cálculos de construção, porque qualquer engano pode fazer a obra desabar e acabar de vez com a carreira do profissional.
E tem mais: para abrir uma academia de ginástica, a legislação exige a presença de um professor de Educação Física. Praticar atividades físicas sem a presença e a orientação de um profissional especializado, ao invés de contribuir para a saúde de uma pessoa, pode provocar sérios danos.
Como se vê, seja qual for a área de atuação de um profissional, o mercado de trabalho exige que ele seja devidamente qualificado. Para isto é exigido, além de um diploma universitário, em muitos casos também é exigido um curso específico comprovando sua capacidade para o exercício da profissão.
Estas exigências são comuns aos profissionais que se submetem a elas com naturalidade, porque compreendem que tais exigências fazem parte do jogo. São elas, aliás, que contribuem para aprimorar as capacidades individuais dos trabalhadores.
A única profissão que desperta o interesse das pessoas, mas uma boa parte delas não quer passar pelas etapas exigidas é a do Jornalista. Antes de exercer a profissão, um jornalista precisa enfrentar um curso universitário de quatro anos. Mas isto não é suficiente para formar um profissional na área da Comunicação Social. Um jornalista que se presa, precisa estudar com afinco e de forma permanente a Língua Portuguesa. Afinal, ele precisa escrever e falar bem, independentemente do veículo de sua atuação.
Para mim, é surpreendente ver que qualquer pessoa portando um telefone celular na atualidade, já se sente um profissional na área da Comunicação Social. Mesmo sem conhecer as técnicas de redação, o código de ética da profissão ou escrevendo minimamente a Língua Materna, possuindo um celular já se sente um Jornalista.
Surpreende-me também ver que boa parte dos profissionais da área encara tal fato com a maior naturalidade. As pessoas consideram da maior importância, que um profissional formado em uma universidade estrangeira faça um exame de revalidação do curso, ao chegar no Brasil. Estas mesmas pessoas consideram um absurdo a exigência de um diploma para quem pretende exercer a profissão de jornalista no País.
Fico me perguntando o que haverá de tão glamoroso nesta profissão para atrair tantos admiradores? Admiram o trabalho, mas poucos são os que se submetem à carga de estudos que a profissão exige. Ser jornalista é mais do que escrever artigos para um veículo de comunicação. Como diz o velho ditado, “ninguém é poema por saber rimar”.