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Moda E Crueldade: Mães E Seus Filhos

Nadja Lira, jornalista, pedagoga e filósofa, conclui seu debate sobre a indústria cruel da moda. Uma indústria que assola o meio ambiente e não respeita a vida humana, nem mesmo a de recém-nascidos.

*Nadja Lira

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A primeira parte deste artigo você encontra aqui.

As crianças da região também são vítimas da cruel ditadura da moda, uma vez que muitas morrem ainda na barriga da mãe, enquanto outras já nascem condenadas a doenças como retardo mental, cânceres e outras mazelas. “As mães se acostumam a esperar pela morte dos filhos” – é um dos pontos mais dolorosos mostrados no documentário.

Impossível assistir ao filme de Andrew Morgan e não esboçar um sentimento de repulsa e indignação diante da falta de respeito às leis trabalhistas, à violação de direitos humanos e à falta de responsabilidade para com o meio ambiente.

O filme denuncia que o rejeito resultante da produção industrial e lançado nos lixões, podem levar até dois séculos para se decompor. O pior é verificar que os consumidores desses produtos não têm ideia de que, ao comprar as peças expostas em lojas famosas como a Zara, por exemplo, estão contribuindo para fazer girar uma engrenagem tão profundamente mercenária.

Em sua defesa, as empresas alegam estar oferecendo oportunidades de trabalho para milhares de famílias, contudo, esquecem as condições indignas às quais os trabalhadores estão submetidos.

“Não comprem estas roupas. Elas são feitas com o nosso sangue”.  É o grito de revolta que parte de uma trabalhadora na indústria de Fast Fashion (Moda Rápida), cujo consumo aumentou 500% nos últimos 20 anos e que possibilita às grandes marcas poder apresentar uma coleção atrás da outra, estimulando um consumo de roupas cada vez maior.

Depois de assistir ao documentário de Andrew Morgan, fica impossível não concordar com a teoria de J.J Rousseau, quando ele afirma; “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”; ou ainda com a ideia do filósofo inglês Thomas Hobbes cuja afirmação é a de que “o homem é o lobo do próprio homem”.

Este documentário, portanto, tem uma grande relevância social e ambiental, de modo que ele deveria ser exibido com frequência pelos ambientalistas. Assim, quem sabe, poderia haver uma maior conscientização por parte dos consumidores da Fast Fashion e o empresariado desta área poderia se tornar mais sensível em relação aos direitos humanos, e mais responsável em relação aos cuidados com o meio ambiente o qual será repassado às futuras gerações.