*Nadja Lira
The trust cost é o título do documentário produzido e dirigido por Andrew Morgan em 2015, onde ele aborda vários pontos negativos envolvendo a indústria da moda. Inicialmente, ele se reporta à década de 50, ocasião em que os Estados Unidos da América (EUA) fabricavam sua própria roupa. Ocorre que, a avidez do empresariado pelo lucro, levou este segmento a terceirizar os trabalhos em países emergentes como a Índia e a China, entre outros, onde a mão de obra barata, leva as pessoas a trabalharem de forma indigna, semelhante ao trabalho escravo.
A indústria da moda têxtil, segundo o documentário, movimenta algo em torno de 80 milhões de dólares por ano e se constitui em um dos mais poluidores do meio ambiente, perdendo apenas para a indústria petrolífera.
As chamadas fábricas de suor exploram as pessoas pagando-lhes salários irrisórios, exigindo horas exaustivas de trabalho, mas sem lhes oferecer condições adequadas para a realização de suas tarefas, especialmente no que se refere à segurança.
Percebe-se, ao longo do filme, que o mais importante para o empresariado é o lucro a qualquer custo. Tanto é assim, que ninguém levou em consideração os reiterados avisos formulados pelos empregados da empresa Rana Plaza, em Bangladesch, relacionados às rachaduras apresentadas em sua estrutura física.
A falta de atenção aos apelos dos trabalhadores culminou com o desabamento do prédio, levando milhares de funcionários à morte, num claro desrespeito e falta de consideração pela vida humana.
Valendo-se de um olhar bastante crítico, o documentário também ressalta o quanto a indústria da moda pode ser cruel com as mães trabalhadoras, uma vez que estas são obrigadas a levar seus filhos para o ambiente de trabalho. Estas crianças ficam expostas a um ambiente insalubre e, para dar conta de suas obrigações, as mães as colocam para dormirem no chão, visto que 85% da mão de obra é feminina.
A crueldade também é imposta ao meio ambiente, uma vez que os empresários não se preocupam em poluir os rios, devastar o solo e ainda levar à morte pequenos agricultores. O consumismo exagerado provoca consequências desastrosas ao meio ambiente, entre os quais a devastação dos recursos naturais provocada pelo uso contínuo dos pesticidas.
Muitos dos trabalhadores rurais, como os de Punjab, por exemplo, perdem a vida tanto através do uso intermitente dos pesticidas utilizadas nas plantações, ou pelo suicídio ao se darem conta de que não podem quitar suas dívidas contraídas junto aos bancos, para a aquisição de insumos agrícolas. A quantidade de suicídios assusta: ocorre um a cada 30 minutos.