*Franklin Jorge
Desde criança, aprendemos história através do materialismo dialético de Marx, uma prática que efetivamente distorce a realidade, afirma Weslen Gomes, 27 anos, monarquista declarado, cursando atualmente Pós-graduação em Ciências Políticas, em Belo Horizonte. Ao invés de estudar o fato em si, estudam a matéria e o trabalho envolvendo o acontecimento e o resultado de ambos, que se torna a história. Ele faz parte de um crescente número de jovens interessados em um novo regime de governo, no caso, a Monarquia parlamentarista
Por exemplo, ao invés de aprendermos que José estava andando de noite com seu segurança em uma rua perigosa, aprende-se que enquanto José estava correndo tranquilo, sabendo que tinha um segurança que estava sendo pago para arriscar a vida por ele, o segurança só estava lá por causa do dinheiro e sem escolhas, se submetendo ao trabalho em nome de ter uma renda para levar para sua família.
Basicamente, deixam sempre a relação materialista e o trabalho expostas e contam isso como a história. É uma forma muito cruel e determinística de se contar a história, porque ela não leva em conta a relação entre ambos, se o segurança estava ali por vontade, ou coisas do tipo. Como o nome diz, materialismo, ou seja, não interessa os sentimentos, as reflexões ou o que levou aquilo a acontecer, o que importa é o que aconteceu.
Por conta disso, sempre achamos a história bastante confusa, e sempre nos intriga saber o porquê o passado do Brasil era tão ruim. Ao estudarmos, por nós mesmos, fora dos livros didáticos, a verdade começa a mostrar a sua cara e a desvelar um Brasil politicamente diferente de tudo quanto temos aprendido acerca da nossa história eivada de erros e direcionada para fins antirrepublicanos.
Aprender a história por sua própria conta resultou surpreendente, conclui Weslen: Primeiro, encontrei as respostas do porquê o Brasil continua confuso, sem identidade, sem rumo e parece que nunca sai do lugar. Segundo, o que eu descobri é que o passado não é tão ruim quanto nos diziam. Por exemplo: Houve escravidão no Brasil, de fato, mas após ela ser abolida, quem assumiu o poder no golpe da República foram os mesmos que não queriam a abolição.
Em 1890, menos de um ano após o golpe republicano, o presidente Deodoro proibiu negros de entrarem no Brasil. Também criou uma lei restringindo a cultura negra. E pior: Havia um plano de distribuição de terras para os ex-escravos feito na Monarquia por Dantas e por Rebouças e até mesmo por José Bonifácio antes do segundo reinado. O plano foi colocado em prática pela república para dar terras aos imigrantes brancos. O objetivo era branquear o Brasil. Até movimento eugenista surgiu e foi um movimento legítimo, sem nenhuma restrição governamental, liderado por Renato Kehl.
Segundo Weslen Gomes, o maior argumento contra a Monarquia é uma falácia, visto que a República além de não fazer nada pelos negros, ainda intensificou o racismo no Brasil e até mesmo tentou exterminá-los através do projeto de branqueamento que foi ilustrado na arte “A redenção de Cam”. Foi aí que percebi que vivíamos em uma outra realidade, criada para manter privilégios políticos, criada para saquear a população. Ao estudar Dom Pedro II, percebi que o mesmo era um homem muito respeitado, culto, falava mais de 10 idiomas, nunca aumentou seu salário, foi votado para presidente dos Estados Unidos por ser admirado, era amigo de Graham Bell e foi fundamental para a criação do telefone e sua memória foi apagada propositalmente conforme a obra americana “The United States and the establishment of the Republic of Brazil” onde eles narram como ajudaram o Brasil se estabilizar como República. Lá deixa claro que houve um plano de censura à Dom Pedro II e segundo a obra, nem mesmo o mais anti-monarquista concordou com o plano de censura.
Foi aí que eu cheguei à conclusão: Monarcas precisam ser cultos, possuem um poder perpétuo e por isso não precisam participar de negociatas, não precisam se vender por votos, não precisam de corrupção para se manter no poder. O Brasil hoje é um sistema de corrupção nefasto, com um funcionalismo que custa mais de 900 bilhões anuais e com uma população que não entende de política, é apenas induzida a idolatrar determinados políticos de extrema esquerda ou extrema direita.
No que a Monarquia lhe parece superior à República?
É difícil explicar, principalmente pelo fato de o brasileiro não entender a diferença entre forma de governo, sistema de governo, forma de estado e regime de governo, mas vou tentar assim mesmo. Existem duas formas de governo: Monarquia e República. Dois sistemas de governo: Parlamentarismo e Presidencialismo. Existem duas formas de estado: Unitário e Federativo e dois regimes de governo: Democrático e Totalitário.
Essa é a base para entender a superioridade da monarquia. Muitos dizem que ou é monarquia ou é democracia. Essa é uma afirmação errada. Realmente, ao ler Montesquieu você encontrará três formas de governo: Democracia, Despotismo e Monarquia. Porém, Aristóteles definiu como Monarquia, Aristocracia e Politeia (República), Rousseau definiu também como Monarquia, Aristocracia e República e a academia hoje em cursos de ciências políticas não reconhece Aristocracia e sim, Monarquia ou República. Por que disse isso? Porque quem fala que Monarquia é o oposto de democracia está usando uma obra de Montesquieu (Espírito das Leis) que embora seja respeitada no meio acadêmico, globalmente na política os termos universais modernos são Monarquia ou República. Democracia é um regime de governo e por isso, tanto Monarquia quanto República pode ser democracia. Reino Unido, Espanha, Canadá, Holanda, Japão, Bélgica, Austrália, Suécia… são Monarquias democráticas.
Partindo disso, vem a explicação: Na República não se separa o chefe de governo do chefe de estado. Ambos são consolidados na figura do presidente. O presidente é eleito através de um partido. Partido vem de parte, pedaço, fragmento. Ou seja: Um partido representa os interesses de uma PARTE da sociedade, PARTE do povo. A PARTE que tiver a maior quantidade de pessoas interessadas naquelas propostas, ganha a presidência. Mas como a presidência é o chefe de governo e o chefe de estado ao mesmo tempo, TEMOS UM ESTADO que serve para governar apenas para uma parte. Isso é um absurdo. Governo pode (e deve) ser ideológico. Foi para isso que ele foi eleito. Mas estado não. Por exemplo, um governo pode aumentar imposto para aumentar benefícios sociais porque foi eleito ideologicamente para isso. Mas saúde e educação por exemplo, são questões de ESTADO não de governo. Ou seja, de brinde temos questões de estado que são para todos também dirigidos de forma ideológica. É simplesmente inaceitável. Para isso serve a monarquia: Presidente (ou primeiro-ministro) são Chefes de Governo. Monarquia (rei ou imperador) são chefe de estado.
Ou seja, enquanto o governo faz políticas públicas ideológicas para a parte que o elegeu, o monarca tem o dever de agir para todos. Não temos essa separação no Brasil e estamos vendo o problema que isso vem nos causando.
Quando um republicano e um monarquista estão discutindo, a única coisa que um republicano sério diz é que não é legítimo um governante ter poderes hereditários. Digo sério porque muito republicano não sabe defender a república e faz memes de guilhotina ou fala da escravidão como se ela fosse exclusiva da monarquia. Não existe debate sobre saúde, educação, segurança, democracia, liberdade ou outras coisas no debate. O debate é sempre filosófico sobre a legitimidade hereditária. Tire a legitimidade hereditária do debate, e você percebe que não há argumentos republicanos para rebater a monarquia. Recomendo ler Hans Hoppe. Até Rousseau disse que para estados grandes, o ideal é uma monarquia. É fundamental separar estado e governo.
O momento conturbado em que vivemos favorece essa discussão?
Não. O momento conturbado intensifica o debate político em esquerda e direita. Sem profundidade, sem conhecimento e sem lógica. É tudo um “meu lado é o certo e seu lado é errado, você não enxerga porque você é burro”. Polarização pura. Nossa sociedade aprendeu a ouvir idiotas com milhões de seguidores que nunca estudaram política na vida, mas acham que são capazes de dizer ao povo o que é certo ou errado. Existem muitas pessoas de esquerda e direita, que entendem de política, que estudam política, mas que o povo não se importa, não lê, não segue. Ao invés disso, preferem seguir Youtuber na falsa ilusão de que eles possuem conhecimento pra ensinar política. Doce engano. São pessoas rasas, sem conhecimento político incapazes de ensinar seus seguidores sobre ela. Não é obrigação de ninguém entender de política. Mas a partir do momento que você é um influenciador e tem um alcance de milhões, seu posicionamento acaba se tornando o posicionamento do outro e isso é grave. Não vou citar os influenciadores que fazem isso, mas citarei os que não fazem: Whindersson, Thiago Ventura e outros… possuem alcance de milhões, mas não ficam querendo ensinar seu público o que não sabem. São discretos e não precisam fazer ativismo exagerado para serem queridos e terem seguidores. Conquistam seus fãs pelo que de fato sabem fazer. Infelizmente, existem outros que querem ser vistos como ativistas quando na verdade são tão profundos quanto um pires.
Em uma sociedade onde a formação política vem de youtubers, humoristas, não há conhecimento político e sim, bolha política. E é impossível a discussão política ser em alto nível dentro de uma bolha. O que se tem é memes, materialismo dialético sem fundamento e ofensas pessoais. A maioria no Twitter é incapaz de debater sobre isso.
Enquanto tivermos uma sociedade que ouve mais um ativista político sem conhecimento do que um estudioso político de esquerda ou direita, será impossível abordar a monarquia em alto nível. Se você for na Inglaterra, na Austrália ou na Espanha, você percebe a diferença. Lá o debate político entre República e Monarquia é de fato em alto nível. Eles entendem de política, sabe o que os dois são e por isso são debates que estão longes do nível do brasileiro que aprende política com humoristas populares.
Porém, os monarquistas estão cansados dessa polarização política enquanto educação se torna arma ideológica, saúde se torna arma ideológica e recentemente até infra-estrutura se torna arma ideológica. Parece que não importa mais o que é feito, o que importa é quem fez. Estamos a beira do colapso com essa geração “twitter” que aprende política com quem não sabe de política mas acha que é capaz de ensinar. Estamos longe, muito longe de termos um cenário favorável a isso. Mas isso também é interesse do governo. Quanto mais humoristas ensinarem política para multidões, menos o povo entenderá de política. Quanto menos o povo entender de política, menos os políticos serão cobrados e mais facilmente eles conseguem manipular parte da sociedade para conseguir votos. Monarquia significa unidade, um povo unido. Se tem algo que é o pesado da classe política se chama POVO UNIDO. Por isso estimulam essa divisão ideológica do Brasil. Ganham os políticos e perde o Brasil.
