*Franklin Jorge
Neto de um aristocrata francês e de uma escrava haitiana, Alexandre Dumas [1802-1870] conquistou riqueza e fama com a popularidade de obras como O conde de Monte Cristo e Os 3 mosqueteiros, seus maiores sucessos, aplaudidos por gerações de leitores e espectadores amantes de aventuras. De tão rico, graças ao seu talento de escritor e dramaturgo, chegou a construir um castelo para se refugiar da fama crescente e receber os amigos em suntuosos jantares. Ficou conhecido como “o castelo de Monte Cristo”.
Publicado em 1844 em capítulos semanais pelo jornal Siècle, Os 3 mosqueteiros ficcionaliza a realidade de maneira dinâmica e apaixonante, misturando sob a forma de folhetim personagens reais e inventados pela verve do autor que foi um dos primeiros negros a alcançar o sucesso com a literatura.
Os 3 mosqueteiros, em verdade, são quatro, o que teria dado origem à expressão “em todo triângulo há sempre um quarto elemento”: D’Artagnan e os três amigos, Athos, Porthos e Aramis, espadachins à serviço do rei Luís Xlll e da rainha Ana da Áustria, vítimas contumazes das tramoias do maquiavélico Cardeal Richelieu, primeiro ministro do reino e, a rigor, por seu ilimitado poder, o verdadeiro governante da França.
Ambientada em Paris e arredores, o folhetim chama a atenção na versão inglesa produzida pela BBC, a pobreza ou simplicidade dos guarda-roupas, adereços e cenários, em escandaloso contraste com as conhecidas versões francesas, algumas, de tão ricas se tornaram ostentosas. Contudo, talvez haja um pouco de política de ambas as partes: a França, a engrandecer a realidade; a Inglaterra, dar-lhe o tom exato. Essa mais recente versão da obra, produzida pelos ingleses, pareceu-me mais complexa embora o rei não passe de frágil joguete nas mãos de seu primeiro ministro inescrupuloso, movido pela fome insaciável de poder.
Representante do Romantismo, estreou Alexandre Dumas como dramaturgo sob o patrocínio da Comédia Francesa, em 1829, quando levou à cena sua peça Henrique III e sua corte, imediatamente transformada em um estrondoso sucesso popular, consolidado com o surgimento de outras obras literárias e dramáticas.