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Mudança de hábito

Colaboradora de Navegos revela-nos a melhor forma de enfrentarmos a quarentena imposta pelo chamado “vírus chinês” que avassala o mundo e parece estar sendo usado como instrumento político para devastar e falir a economia de países que lutam para se adaptar e superar tempos nada cordiais.

*Nadja Lira

O povo brasileiro é conhecido por sua alegria, hospitalidade e também por ser
um povo carinhoso, que cumprimenta até mesmo aqueles a quem não conhecem
com profunda afetuosidade. Privar um brasileiro de abraçar amigos e entes
queridos é uma verdadeira tortura à qual estamos submetidos pela quarenta
forçada pelos donos do mundo, criadores do Coronavírus, que obriga a todos à
uma mudança de hábitos.

Para cumprir a quarentena forçada, sem grandes traumas, nossa rotina sofreu
uma mudança radical. Assim, para cumprir as determinações impostas pelas
autoridades, estamos recolhidos entre as paredes de nossas casas, procurando
ocupar o tempo da melhor maneira possível.

Desse modo, eu que estava habituada a levantar todos os dias às 5h da manhã,
passei a acordar por volta das 8h, graças a uma insônia terrível, que não me
permite adormecer no horário habitual e, portanto, obriga-me a dormir no horário
em que costumava trabalhar.

A insônia, porém, não tem sido de todo ruim, uma vez que aumentou a minha
produção textual. Contudo, devo admitir que sinto uma grande falta do meu
ambiente de trabalho, da conversa com meus colegas, do barulho dos alunos e
até da birra, que alguns fazem durante as aulas.

Tem sido duro não ouvir o barulho estridente da campainha anunciando o horário
de entrar e sair das aulas, bem como o barulho feito pelas crianças durante o
intervalo. Sinto falta da hora do lanche com meus colegas de trabalho, as piadas
contadas durante o cafezinho e o som das gargalhadas que elas produzem.
Este período de confinamento forçado tem servido para me fazer refletir sobre
coisas, aparentemente insignificantes, mas de grande significado na minha vida.
Só agora percebo a importância delas, devido à exigência de permanecer dentro
de casa, privada do meu direito de bater perna por onde bem entender.
É duro ficar trancada dentro de casa, especialmente nos finais de semana,
impedida de fazer viagens rápidas a João Pessoa, para assistir a um dos maiores
shows da natureza: O pôr do Sol ao som do Bolero de Ravel. Que espetáculo de
rara beleza nos é proporcionado, no momento em que o Sol vai baixando e
tingindo as águas da praia de vermelho e amarelo. Nesse momento, eu imagino
que Deus é um grande pintor, e por descuido, deixou cair sua palheta de tintas
e acabou colorindo o céu e brindando a humanidade com um quadro
maravilhosamente belo.

Também tem sido duro aguentar a falta de tomar café na companhia dos meus
amigos professores, jornalistas, pré-Socráticos e batedores de perna, ocasiões
em que conversamos sobre filosofia, política e sobre amenidades.
A mudança de hábito imposto pela quarentena forçada afastou-se da minha
escola de idiomas, privando-me do convívio com todos os colegas e professores, com os quais costumávamos almoçar, tomar sorvete ou comer um pedaço de bolo no intervalo entre as aulas.

Com esta quarentena interminável, sair de casa limita-se a ir ao supermercado
comprar mantimentos. Mas, surpreendentemente, percebo como a cidade
mudou e como suas ruas estão vazias e silenciosas. Já não há
congestionamento na avenida Ayrton Senna, tampouco na Engenheiro Roberto
Freire, de forma que rapidamente se chega ao destino.

Entrar no supermercado leva tempo, já que existe uma nova modalidade para
que clientes possam entrar na loja. É necessário entrar numa fila enorme, onde
todos usam máscaras e esperar a sua vez. Somente depois de receber uma
quantidade de álcool para higienizar as mãos, é que estamos aptos a entrar no
recinto para iniciar as compras, sem esquecer de manter uma distância segura
entre as pessoas.

A que ponto chegamos. Para facilitar uma nova ordem mundial, somos obrigados
à uma mudança de hábito, apenas para facilitar a vida de um grupo que se
considera donos do mundo. O futuro que nos aguarda e iremos deixar para
nossos sucessores, não me parece nada animador.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa.