*Abraão Gustavo
Diariamente, quando pego o transporte público, sou testemunha ocular (e auricular) de verdadeiros shows de conversas matutinas. O pessoal tá falando sobre tudo: resumindo o fim de semana, reclamando das dívidas, dos boletos, dos términos bombásticos de relacionamentos e até da vizinha que descobriu uma doença misteriosa. Nossa, tem mais fofoca nas primeiras horas do dia do que nos corredores de uma novela mexicana!
Mas, peraí, deixa eu contar uma coisa: as conversas silenciosas também estão em alta. E não tô falando de telepatia, não! É que, pelos celulares enfiados nas mãos de todos, dá pra ver que a comunicação não verbal tá bombando. E olha que nem precisa ser um especialista em linguagem corporal pra sacar isso, hein? É só prestar atenção nas caras e bocas que as pessoas fazem enquanto digitam freneticamente naqueles teclados minúsculos. Nem precisa som, a gente consegue entender tudo pelo contorcionismo facial!
Agora, pensa comigo: tem gente que adora falar, falar e falar logo cedinho. Eu sou do time que já acorda com o botão do mudo ativado. Afinal, quem precisa de tanto falatório logo pela manhã? Se tem alguém assim na sua vida, sério, é melhor fugir dessas pessoas antes do café. Eu até acho que deveria ter uma lei pra multar quem abre a goela antes de um certo horário. É um verdadeiro crime contra o sossego mental!
Claro, eu sei que tem exceções, né? Tem profissões que exigem um vozeirão matutino, como o pessoal que trabalha na feira, anunciando aos berros as promoções do tomate. Mas, tirando esses casos, pra quê falar tanto, minha senhora? Vamos guardar um pouco desse verbo pra usar amanhã, quem sabe? Eu tenho certeza que o silêncio tem muito a dizer!
Ei, Millôr Fernandes já dizia: Deve haver perdida por aí, uma regra absolutamente sem exceção. Então, fica aí a reflexão: por que encher o ambiente com tanto barulho assim que abrimos os olhos? Vamos aproveitar as manhãs para curtir um pouco de tranquilidade, conversar com nós mesmos, ouvir nossos pensamentos. O silêncio pode ser o melhor amigo da sanidade mental, acredite!