*Da Redação
Autora de uma obra poética de grande refinamento, postumamente publicada por iniciativa de seus filhos Eli Celso e Christiana Coeli, Myriam Coeli começa a ser conhecida e discutida para além dos limites geográficos do RN, onde viveu seus últimos anos em persistente obscuridade, em grande parte por sua incrível modéstia e timidez destoantes da nossa comezinha realidade cultural.
Admirada por expoentes de um seleto grupo de escritores, teve sua obra difundida por Franklin Jorge, seu amigo mais próximo em seus últimos anos de vida de sobrevivente de um câncer que enfim a vitimou num domingo de carnaval. Foi ele quem tomou a iniciativa de levar seus manuscritos ao conhecimento de grandes poetisas de sua geração, como Stella Leonardos, Heloisa Maranhão e Myriam Fraga. Aproximou-a ainda da obra em prosa de Hilda Hilst que muito a surpreendeu e que ela, deitada em uma cama hospitalar instalada em sua casa, devorou avidamente durantes dias seguidos de leitura. E a seu pedido, Stella Leonardos escreveu, sob a forma de poema em estilo provençal, a apresentação do antepenúltimo livro que Myram Coeli publicou em vida, Cantigas de amigo. No intuito de proporcionar-lhe ainda alguma alegria nos derradeiros dias de sua existência, obteve da grande artista chilena Flor Opazo Baltra, as belíssimas ilustrações que constam da obra publicada pelas Edições Clima. em reconhecimento dessa amizade que uniu sua mãe e Franklin Jorge, ao organizar a publicação de Branco e nanquim, Eli Celso pediu-lhe que escrevesse um depoimento sobre essa convivência de sete penosos anos, até que a morte lhe cortasse as cordas da lira.
Vejam o vídeo produzido por Vanina Sigrist sobre a edição de Branco e nanquim [Sol Negro Edições. Natal, 2018.]