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Não vem que não tem

Fundador de Navegos, prevalecendo-se de sua verdadeira vocação, a Pedagogia Social, descreve e pinta um quadro que se mostra diante de todos os que se cansaram de retórica e discursos vazios.

*Franklin Jorge

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Permitam-me ser didático e desenhar com clareza os contornos da tragicomédia que se desenrola no teatro político que temos debaixo dos nossos olhos cansados: pelo trotar dos cavalos [nós, o povo potiguar] que arrastam a dispendiosa carruagem [o Estado] em cujos bancos acolchoados se aboletam os chamados ‘picagrossas’ [os poderosos Pilotos do Estado] já sabem que estão com os dias medidos, pesados e cortados de futuras negociatas avalizadas pelo voto popular. O povo enfim acordou.

De fato, desde 2018, os cavalos, que há gerações suportavam tamanha carga nos lombos escalavrados, deu provas de cansaço e insubmissão à vontade de seus senhores e desalojou justamente aqueles que mais os sugavam, pelo voto, sob a forma de mandatos hereditários. Assim vimos despencarem-se do alto essas custosas nulidades que havia anos se locupletavam no poder: os Rosado, os Alves e os Maia, para citarmos apenas os mais manjados e vistosos aproveitadores incrustados em privilégios inomináveis.

Com demagogia, populismo e água benta, o ex-senador Garibaldi Alves filho – que atualmente pleiteia um mandato de Deputado Federal -, parecia-nos eterno e bem posto em seus privilégios mantidos por alguns em prejuízo de todos, caiu do mandato que pretendia confiantemente renovar com a ignorância, alienação ou complacência de parcela atoleimada de potiguares incautos ou de boa fé. Pois, a despeito de tudo, caiu do seu palanquim e quebrou as ventas no chão duro… Como José Agripino. Como Sandra Rosado. Enfim, como os próceres oligárquicos que metódica e famelicamente nos devoravam.

Este ano, em desadorado desespero, os Alves calçaram as sandálias da humildade e se ajoelharam aos pés da fatídica Comedora de Pipocas que desfruta com apetite insaciável o Governo do Estado, a quem a Imprensa Amestrada e jornalistas de aluguel davam como pregada e colada no cargo, apesar de sua crescente impopularidade abafada por marqueteiros diligentes e bem remunerados para tecer-lhes loas e proclamar a simpatia dos cavalos de carga. Só não viu quem não quis a insurreição dos cavalos [que somos nós, potiguares conformados], finalmente, se fizera notar, ao desaboletar da luxuosa carruagem do Poder os políticos inoperantes ou mais deliberadamente corruptos [a maioria] que nela se refestelavam e têm passeado sem conhecerem  tempos ruins nem vacas magras, em meio a uma população sedenta e faminta que se acotovelava à beira das estradas, premidos pelo medo de coisa pior, perceberam finalmente que dar um Basta! a tantos abusos só dependia deles mesmos [os cavalos], que por fim se decidiram a escoicear quem os faziam de burros de carga.

Sob qualquer ângulo que o quadro seja visto e examinado, percebe-se claramente que os Alves dão o seu último passeio em busca do Poder, das benesses e prebendas que um mandato proporciona e que, desde que tais oligarquias se instalaram, os cavalos que somos nós lhes temos outorgado pelo voto.