*Da Redação
Os debatedores atentaram para a convocatória realizada no último dia 04 de maio pela FUNCARTE, sugerindo que artistas criadores de material audiovisual disponibilizassem seus materiais no site da prefeitura, segundo o secretário, de forma colaborativa. Sabemos que o processo de isolamento social sugere que encontremos na arte uma saída diante do caos, mas não podemos deixar de ressaltar que até mesmo para se gravar um vídeo, por mais simples que seja, há todo um investimento que é feito para a aquisição de maquiagem, figurino, equipamento eletrônico e a arte propriamente dita, ou seja, dá trabalho e esse trabalho não pode, de forma alguma, ser desconsiderado. Lembrando o tempo que o secretário se encontra dinasticamente no cargo, atuando de maneira ditatorial a partir da política do coleguismo que prioriza somente àqueles que se giram ao seu redor. Quem perde com essa atitude questionável e suspeitosa é o povo de Natal.
É notório que a Cultura de Massa atropelou, já que prioriza o capitalismo e demais fatores econômicos, as manifestações artísticas que determinam os registros das raízes culturais que emanam dos saberes e fazeres dos que fazem a cultura popular. Empurrar às pessoas shows de artistas nacionais pagando uma fortuna, enquanto os artistas locais que são convidados para abrirem esses eventos recebem um valor até 100 (cem) vezes menor e ainda tendo que se sujeitar aos caprichos da secretaria que chega a passar meses para pagá-los, constitui uma atitude de desvalorização e desrespeito – Conclusão a que chegaram os debatedores.
Desde a primeira gestão do Prefeito Carlos Eduardo, também amigo de Dácio Galvão, o secretário consolida um tempo duradouro na FUNCARTE/Secretaria de Cultura e, em sua inércia, essa falta de atitude ou mesmo descaso se faz notar também e sobretudo na área literária. É bom lembrar que dentro da FUNCARTE funciona a Biblioteca Esmeraldo Siqueira há mais de 20 (vinte) anos, entretanto, já que o povo de Natal não sabe da existência dessa Biblioteca e sequer o secretário tem a atitude de tornar a Biblioteca visível, no tocante ao povo, sua apática e morna atuação ratifica, talvez em consequência de tanto tempo de atuação numa mesma pasta, numa mesma cadeira, a falta de interesse. Além do mais, a biblioteca além de não atuar não se renova. Seu acervo Não tem expressão nem qualidade. Franklin Jorge, por exemplo, quando diretor da Sala Natal, chegou a sugerir-lhe que a transformasse em uma biblioteca especializada em autores locais e nordestinos. Isto a tornaria útil e a primeira do gênero dessa vasta região geográfica.
Utilizando-se de um recurso perverso a partir das políticas dos editais que priorizam unicamente os artistas melhor assessorados, cabe aos demais, para concorrerem em pé de igualdade, a sugestão de serem MEI – Micro Empreendedor Individual, como saída, mas vale salientar que a própria prefeitura que é responsável pela elaboração dessa política a condição de também concorrer. Esta atitude fere frontalmente uma cláusula pétrea da Constituição: direito à circulação dos bens culturais.
É preciso criar um mecanismo descentralizador. Um secretário não pode, com o único objetivo de priorizar amigos, pelo espírito do coleguismo, desrespeitar o conceito e enquadramento adotados historicamente, nem colocar as manifestações do povo e suas instituições culturais em situação vexatória diante do ambiente municipal, estadual, nacional e internacional das artes, com a imposição de políticas discriminatórias.
