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Natal, não há tal

Colaborador de Navegos escreve sobre o descaso de autoridades em relação ao patrimônio cultural a partir de polêmica sobre monumento que está dando o que falar em Natal e corrige com clareza e precisão a ignorância de militantes de esquerda se insurgiram contra o símbolo da Havan.

*Alexsandro Alves

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A Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang, abrirá em setembro próximo uma filial aqui em Natal. A exemplo do que ocorre em outras unidades, a filial natalense também contará com uma cópia da Estátua da Liberdade, monumento francês presenteado aos EUA no centenário de sua independência, no século XIX. O monumento é símbolo dos ideais republicanos que moveram a Revolução Americana, que inspirou os ideais da Revolução Francesa, base de toda república ocidental. Ou seja, este monumento fala aos potiguares também.

No entanto, política como a vereadora Divaneide Basílio, do PT, gravou vídeo em que expõe seu descontentamento com o projeto. A vereadora encaminhou pedidos de verificação de tamanho e de viabilidade técnica da obra. Em resposta, a SEMURB afirmou que não há nenhuma ilegalidade, mesmo porque a obra foi colocada em um terreno privado e a lei que trata do mobiliário público foca especificamente em áreas públicas.

Porém, ademais da boba controvérsia gerada entre apoiadores da vereadora e apoiadores de Bolsonaro, uma questão é pertinente.

No vídeo, Divaneide Basílio fala que “Natal tem identidade”. Tem. E como anda o cuidado com a identidade do natalense e do potiguar? O monumento a Cascudo foi vandalizado, os que perpetraram esse ato infame já foram identificados e presos? Quem vandalizou? O monumento que ficava no mausoléu de João Câmara, no Cemitério do Alecrim, uma escultura em bronze de Hermes, foi roubada. Como conseguem roubar um monumento daquele tamanho e até agora a prefeitura não tem nenhuma resposta ao natalense?

Também o Rio Grande do Norte sofre nessa área de preservação de nossa memória. O Teatro Alberto Maranhão, recém-reinaugurado, já demonstra cansaço. Foram gastos mais de R$ 12 milhões, e a pintura do mesmo, pós restauração, já começa a desmoronar, apenas alguns meses depois do concerto de reabertura, em dezembro de 2021, conforme a foto abaixo, de 1 de junho de 2022, às 17:21: nota-se o deterioramento da obra, que por ironia, foi fiscalizada pelo IPHAN. É assim que a identidade potiguar é gerida.

FOTO Restauração de teatro fiscalizada por Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, obras de teatro começam a se desfazer cinco meses depois.