*Franklin Jorge
Diziam os antigos habitantes da nossa cidade, em tom sarcástico ou galhofeiro, diante do nosso tradicional e inconstante atraso: “Natal? Não há tal!” Embora tenha recebido um novo azimute durante a segunda Guerra, ao transformar-se em um “trampolim da vitória’, segundo o entusiasmo e a boa-fé disseminada pela propaganda, voltou a estacionar até os anos de 1980, quando começou a ter a sua paisagem efetivamente modificada, mas sem qualidade de vida para os nossos.
Privilegiada pela geografia e aparentemente vocacionada para a modernidade, é Natal uma cidade de castas, das quais os chamados “barnabés” ou servidores públicos é a mais numerosa e às vezes a mais bem aquinhoada pela fortuna, por ter garantido o seu emprego até a aposentadoria.
Nem mesmo conseguiu consolidar-se como endereço turístico ou não tem conseguido superar um estágio sofrível; sequer sabe tirar proveito de sua denominação. O endereço do turismo natalino fica nas antípodas, ou seja, no Rio Grande do Sul.
Sempre escravizada à inépcia e incompetência dos governantes, não parece ter perspectivas de futuro, já que se contenta em apenas viver no presente, quase sempre espoliada e desvalida de tudo.