Franklin Jorge
Quando tomei posse na direção da Sala Natal, em cerimônia no Sala Nobre da Prefeitura de Natal, guardei as últimas palavras que me foram dirigidas pelo prefeito Carlos Eduardo, ao levar-me até a saída: “Seja ousado. Faça coisas extraordinárias na Sala Natal por nossa cultura”. Creio que repeti essa frase a um repórter a quem admiro e que me interrogou: “O que fará na Sala Natal?”, “O que acabou de instruir-me o prefeito”. Não contava com um secretário reles e traiçoeiro como um lacrau.
Acreditei piamente nessas palavras e, com a nossa mínima equipe – composta do multi-artista Josivan Alves Pereira e da jornalista Débora Sousa e mais um grupo de voluntários qualificados, como a nipo-brasileira Wanda Miêko, da Sociedade Japonesa de Natal, uma senhora de alta sofisticação intelectual, e o nosso origamista-mor, o caicoense Eugênio Rangel, que aderiram de pronto ao espírito colaborativo e interativo que norteava a filosofia de trabalho da Sala Natal. Acreditávamos que podíamos realizou e estabelecer paradigmas fundadas em leituras críticas, queríamos unir outra vez Cultura e Conhecimento, Festa e Saber.
Empenharam em nos ajudar em um dos projetos para o qual esperávamos a benevolência do secretário de entretenimentos de Natal, homem dissimulado, perverso e mau, que boicotou friamente esse projeto que faria parte das comemorações dos 120 anos da presença japonesa no Brasil, evento que, se Dácio Galvão e o prefeito Carlos Eduardo quisessem, teria sido incluído como evento oficial comemorativo a ser divulgado pelas embaixadas japonesas em todos os países onde têm relações diplomáticas. A Prefeitura de Natal participaria, em caráter oficial, citada em todos os eventos patrocinados pelo Japão no mundo civilizado.
Dácio comeu solto e sem regras na cultura, desfrutou suas lombras por 15 anos, sem direção nem cabresto. O nome de Natal brilharia no mundo inteiro, não fora o secretário de cultura também conhecido no mundo artístico como Lacrau Jr. Não quis, porque não teve ele próprio semelhante ideia e tudo o que não tem a sua lavra está condenada ao obscurantismo. Tornou-se, sob a chancela do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, Donatário da Capitania cultural encarnada na Funcarte e, posteriormente, titular da Secretaria Municipal do Entretenimento. Perdemos a vez de levantarmos o farol de Natal como endereço natalino, graças ao Japão que comemorava 120 da Presença Japonesa no Brasil. Incomensurável os prejuízos causados por gestores como Isaura Rosado e Dácio Galvão. Dois cães para a Cultura há quase duas décadas.
A Cultura que é mutante não se renova aqui. Fica enquistada e submetida à vontade de um s poucos. Vive claudicando, em trevas e ossuários. É um samba acabado. Um fim de festa que fracassou no Festival Literário de Pipa – FliPipa, um retumbante inépcia que devorou milhões dos contribuintes e de instituições abonadas. Nosso secretário de entretenimentos – que se vende pelo que não vale – carrega uma dúzia de reis na barriga, que o impede de explicar-se à opinião pública.
Nosso secretário de entretenimentos engana todo mundo. Só acredita quando compra, quando tem a certeza de ter o assessor no bolso. Assim contratou Outeda secretário de imprensa e através desse contrato assegurou a fidelidade da editora de Cultura do jornal Tribuna do Norte e a manteve de rédeas curtas.
“Natal nas mãos do mundo”, eis o nome desse projeto da Sala Natal que Dácio Galvão boicotou e nem teve o acolhimento do prefeito. Seria um evento que reuniria em Natal origamistas do mundo inteiro, em especial do Japão, onde há o origamista mais idoso do mundo. Que certamente não viria, mas aconselhou-nos Kannegae que o convidasse mesmo assim Só a recusa dele, em carta ou origami, já constituíria uma honra, por causa de sua avançada idade e do seu renome já seria algo que alavancaria uma bienal ou trienal de festival de origami em Natal. Todo ano criando uma árvore nova que iluminaria a Zona Norte e a Redinha e demais bairros esquecidos de Natal.
Como um ser burlesco, em solenidades oficiais, fazia-se Dácio introduzir no Salão Nobre da Prefeitura de Natal, precedido por uma dupla de violeiros pagos pelos contribuintes, para louvá-lo de público e ludibriar o prefeito Carlos Eduardo. logo ele que não tem cultura e alardeia-se o Donatário da Funcarte. Meu caro leitor, ele faliu a FliPipa com a sua indigência mental. Imaginem que era bancado pelo Scriptorín, que desapareceu com o fracasso inapelável do gênio da gestão cultural. Ora, o cara não é do ramo. Não tem cultura nem é artista. Queria botar a Festa Literária da bela Parati no bolso, mas afundou em Pipa. Sob o guarda-chuva de sua sócia que quase ficava com a dentadura de Dona Militana, não fora denúncia publicada n´O Jornal da Hoje e lá se foram, Dácio e Cãindinha, a explicar-se ao repórter.
Através a Sala Natal queríamos promover oficinas de origami para a criação de 1.000 cegonhas, pássaro da felicidade e prosperidade para o povo japonês. Nossas Árvores de Natal seriam decoradas, cada uma, com 1.000 cegonhas de papel. A serem produzidas em nossas oficinas de origami, espalhadas em todas as escolas da Grande Natal. Mas o arrogante e invejoso secretario de entretenimentos de Natal fechou a nossa cidade ao cosmopolitismo e arriscou o seu futuro de endereço cultural e turístico do circuito das artes contemporâneas. A Cidade onde Jesus nasceu foi abortada por Dácio Galvão, um tal jovem rebelde do Underground, ganancioso que quer eternizar-se como gestor cultural; mau, por sinal. Perseguidor e despreparado é maléfico para a cultura
Confiei demais nas palavras do prefeito e submeti-me às piores humilhações e constrangimentos morais, como ser por funcionários subalternos instruídos pelo secretário.
Reuniríamos, nessa festa natalina, à margem do Potengi, todo o prestígio da serra gaúcha, que fatura com o Ciclo Natalense de forma fake. Em Natal e nos municípios da chamada Grande Natal, a presença de origamistas do mundo inteiro. Uma festa da cultura onde teríamos os municípios de Grande Natal, ou seja, da Região Metropolitana, participando de oficinas para fazer a sua própria árvore de Natal e colaborar com as Árvores de Natal ornar-se-ia em endereço natalino por excelência. Poderíamos encher nossas praças de Lapinhas, Pastoris, Corais de Músicas Natalinas, Concertos ao ar livre, como sugeri ao secretário bunda-mole, que afundou-se na cadeira e pôs a serra do Cabugi em cima de minha exposição para nunca mais.
A Prefeitura daria um grande salto no turismo cultural, mas a anta calou-se. O secretário fosse menos irresponsável e rancoroso, assumiria a paternidade do evento embora não tivesse mérito, e promoveria, de fato, a chamada Economia Criativa, criando-se o nicho que facilitaria – a inserção dos nossos artistas num contexto nacional de mercado. Dácio preferiu abafar… Tornar-se-iam competitivos no cenário nacional. Melhorando a excelência de vida de grande número de artistas natalenses, que teriam empregos dignos, se Dácio Galvão tivesse a ideia de levantar-se o rabão da cadeira giratória e botasse para andar a tal da Economia Criativa de que tanto fala e desfala, para impressionar incautos. Natal tem um bundão sentado sobre a cultura. Assim não decolamos sob o peso de suas nádegas dinásticas. Estão sempre os nossos gestores peidando na Cultura.
Mari Kannegae abriu os caminhos e recomendou-me ao Cônsul Japonês em São Paulo e ao secretário da Embaixada em Brasília, aos quais consultei em caráter informal, sem usar o nome da Sala Natal nem do secretário e do prefeito. Kannegae já havia me assessorado e ajudado, há uns 30 anos, quando realizei o projeto de Artepostalismo A Amazônia vista pelos artistas, que reuniu 2000 obras de artistas do mundo inteiro e contou com a colaboração do Complexo de Comunicação O Rio Branco, do qual eu era o Diretor Geral em Rio Branco.
Wanda Miêko, expoente na Colônia Japonesa de Natal, ainda nos sugeriu a presença dos tambores que pesam toneladas e abrilhantam as grandes cerimônias tradicionais japonesas.
Tudo isto Natal perdeu sob o tacão de Lacrau Jr. Quem nos indenizará destas perdas, prefeito Álvaro Dias? Vossência?
Franklin Jorge. Jornalista. Editor. Escritor. Ativista cultural.