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Natal sem Moacir Gomes

Autor do projeto do Estádio João Machado, descrito por um governador com um ‘’poema de concreto armado’’, morre depois de ver a sua obra-prima destruída por maracutaia de políticos corruptos para dar lugar à Arena das Dunas..

*Carlos Roberto de Miranda Gomes

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No cenário bucólico do Seridó, o jovem bacharel José Gomes da Costa assume o cargo de Adjunto de Promotor de Justiça, em Caicó e, de pronto, reinicia um namoro interrompido e contrai núpcias com sua amada Maria Ligia de Miranda Gomes em 04 de setembro de 1926, quando esta tinha apenas 15 anos, com a presença do Patriarca da família “Gomes”, o Coronel João Gomes da Costa, proprietário da Fazenda Pitombeira (Taipu-RN) e líder político na região.

Dessa união, que assistiu íntegro o passar de meio século, nasceram nove filhos – o primogênito foi Moacyr, parido de uma gravidez de alto risco, agravada pela pouca idade da mãe – apenas 15 anos, o que levou “Mãe Quininha” (mãe do Monsenhor Walfredo Gurgel) a comentar com o amigo comum Dinarte Mariz, sobre o perigo que corria Lígia de Zé Gomes, cujo nascitura estava em posição inversa à natural e que não teria habilidade para resolver o problema.

O amigo, político influente na região, mandou motorista em seu automóvel até Currais Novos para trazer o renomado médico Mariano Coelho (médico que ficou na história).

Pelos dotes competentes do médico e pelas mãos santas da parteira Mãe Quininha, nasce de parto laborioso Moacyr Gomes da Costa em 07 de junho de 1927.

Depois chegaram outros filhos – Fernando, Therezinha, João, Lêda, Elza, Carlos, Socorro e José Filho, os três primeiros e a quarta já estão em outra dimensão da vida.

O menino Moacyr teve uma infância e adolescência normais, mas sem fartura, mas cercado do carinho e do desvelo dos muitos familiares do lado dos Miranda e dos Gomes da Costa. Muitos tios, tias, avós e primos. Nada lhe faltou.

Em Natal desenhou a sua mocidade, entre as dunas das cercanias da cidade e o rio Potengi, enriquecida pelos amigos e pelos devaneios e sonhos bem sonhados, de criar asas e buscar o seu lugar ao sol.

Terminada a 2ª Guerra, terminou o seu emprego na Base Americana de Parnamirim, pegou um Ita e foi pro Rio morar, estudar, viver, crescer profissionalmente e retornou arquiteto.

Fez incontável número de grandes amigos (impossível enumerá-los – quase o mundo todo), foi boêmio dos bons, juntou-se a grandes profissionais como João Maurício, Daniel Holanda e Ubirajara Galvão.

Teve algumas mágoas – ter de deixar a cátedra da Faculdade de Engenharia; ser taxado de copiador de um Estádio quando de uma viagem à Alemanha (ele nunca saiu do Brasil) e a sua concepção de uma Praça Esportiva vem de seu trabalho de curso, tendo por orientador um dos responsáveis pelo Maracanã, Professor Pedro Paulo Bernardes Bastos nos idos do ano 50; recentemente, após 40 de aposentado, o TCU reprova a sua aposentadoria por acumulação com um cargo no Estado, este somente assumido depois de já estar na inatividade, sob o fundamento da incompatibilidade de horários e de pronto retiraram os seus proventos. A maior delas foi a demolição do Machadão.

Mas a grandeza de Moacyr só merece a lembrança de tudo o que de bom teve em sua vida até a graça de virar estrela dormindo.

Tive o privilégio de registrar a sua vida em dois livros: O Menino do Poema de Concreto e 90 anos bem vividos.

Querido irmão, obrigado por uma convivência maravilhosa de tantos anos, rogo ao nosso Deus do Universo que o receba e conduza para junto dos seus familiares queridos.

Para a família, uma indagação … E agora José, sou o timoneiro mais antigo da família dentre os homens.

Engenheiro Moacir Gomes