*Joaci Góes
O Presidente Bolsonaro ganhou as eleições para governar o Brasil com um discurso caracterizado por ir diretamente ao ponto, sem as preocupações retóricas de praxe. No exercício da presidência, mantém-se na mesma linha de priorizar o conteúdo sem maiores preocupações com a forma, tão ao gosto do politicamente correto que encanta grande número de pessoas, inclusive segmentos de nossa intelectualidade. Em inúmeras situações, sua abordagem heterodoxa de questões relevantes mereceu críticas gerais, até de correligionários que, pouco tempo depois, deram a mão à palmatória, por reconhecerem o acerto de sua atitude intuitiva.
Tal é o ambiente que se criou em torno da crítica do Presidente da República ao que denomina histeria coletiva, derivada da infusão do medo pânico ao Coronavírus. Ele é, contundentemente, acusado de caminhar na contramão da OMS, do Ministério da Saúde e das orientações dos profissionais da medicina que recomendam, com muita ênfase, que as pessoas fiquem em casa e que se interrompam todos os serviços, com a exceção dos médicos e correlatos, os de segurança e os de abastecimento de água, energia e de alimentação. Se assim fizermos, garantem, o Brasil vencerá esta crise, asseguradas as compensações pela perda de receita às pessoas físicas e jurídicas. Será, porém, uma vitória de Pirro.
Sem dúvida, é responsabilidade e dever dos profissionais da medicina apontar os caminhos que assegurem a saúde das pessoas, sem levar em conta os aspectos administrativos e financeiros inerentes. No caso do Coronavírus, os excepcionais cuidados prescritos não consideram a dimensão gigantesca dos gastos, nem a origem dos recursos que viabilizem a compensação do desemprego em massa e o colapso do setor privado. Com a atividade econômica sensivelmente comprometida, cairá, correspondentemente, a arrecadação do Erário. Observe-se, ainda, que, alegando indisponibilidade de recursos, estados e municípios reivindicam benesses compensatórias da União que vê no episódio um fator capaz de levar ao caos suas contas.
Diferentemente do que tem sido majoritariamente apregoado, o desabrido pronunciamento do Presidente, em rede nacional, não colide com as recomendações de sua equipe, antes agrega ao exame da questão, como é de sua responsabilidade, aspectos fundamentais, até agora olvidados pelos discípulos de Santa Tereza de Calcutá, como se os fundos para financiar este projeto Poliana viessem dos ares ou das águas do mar. O Presidente trouxe ao debate vertentes que têm a ver com a vida dos brasileiros e a estabilidade da Nação, seriamente comprometida pela reação de pessoas, algumas inteligentes e cultas, que nada entendem de economia, e que terminam servindo de massa de manobra dos que não se importam que o Brasil vá ao fundo desde que isso signifique seu retorno ao poder de onde foram apeados, através do voto popular, por incompetência e roubo.
O conhecimento de como países como a China, a Coreia do Sul, a Itália, a Espanha, Estados Unidos e Alemanha vêm lidando com o Coronavírus oferece informações relevantes para encontrarmos um meio termo que enseje o enfrentamento do vírus, de modo satisfatório, sem impedir que prossigamos em nossa rota segura de darmos régua e compasso à Administração Pública.
No atual momento maniqueísta da vida brasileira, os aspectos ou consequências eleitorais de qualquer discussão, pairam acima da verdade ou dos genuínos interesses do País. Com raras exceções, as pesadas críticas dirigidas ao Presidente obedeceram ao propósito de fortalecer um embrionário movimento, nascido dos que não se conformam com as mudanças por que passam as práticas políticas brasileiras, no sentido de desestabilizá-lo, com vistas ao projeto maior, quem sabe, de criar condições para sua defenestração, via impeachment.
Com isso, supõem, morrerá a Lava Jato, continuará o patrimonialismo que desgraça o País, e tudo “continuará como dantes no quartel de Abrantes”.
