*Helmer
Jesus é pop! Todos querem pegar uma lasquinha, mas não da cruz, mas da sua imagem, talvez o ícone mais político do Ocidente! Vejamos.
A direita brasileira mostrou sua força no dia 25 de fevereiro. A Avenida Paulista parecia coberta de ouro, um brilho flavo, como o Sol, tingiu muitos quarteirões da Paulista. Mas o que chamou a atenção de muitos foram as bandeiras de Israel sendo levantadas em meio a cristãos. A impressão era de que Israel se convertera ao evangelho. Nada disso. Tratava-se apenas de mais uma diatribe do cristianismo brasileiro, que, de maneira não bíblica, parece que vive entre judaísmo e cristianismo.
Mas como assim? Paulo, o apóstolo, separou definitivamente as duas religiões. Não é apenas o caso de porque o judeu não aceita Jesus como messias, é mais do que isso. A conversão de Saulo em Paulo marca a ruptura do cristianismo com qualquer aspecto judaico que antes ainda tinha. Paulo é taxativo, não importa se o ente é filho de Abraão, isso passou. Ou aceita Jesus, ou vai para Inferno, pode ser Abraão, Davi, Salomão…
Mas então por que o cristão brasileiro é tão pró-judeu? Primeiro porque são burros. Judeu é judeu, cristão é cristão. Várias vezes Jesus, no Evangelho de João, afirma, sobre os judeus: vós sois filhos do Diabo!. Então pronto, o judeu é filho do Diabo, segundo Jesus.
Mas Jesus não era judeu? O que? Da parte de quem? Só se for de Maria. Mas o judaísmo, assim como o cristianismo, é patriarcal. A figura da mulher é secundária, quando não é periférica. Aí é que temos mais um escândalo contra os judeus: aquele que se dizia messias sequer era da linhagem abraâmica por parte paterna. Era filho direto de Deus: antes de Abraão existir, eu sou, disse Jesus para os judeus que se orgulhavam de sua genealogia. Ora, Jesus sambou na cara dos patriarcas! Não precisava deles para ser o que dizia ser, nem mesmo de Abraão, de quem, zombando dos judeus, e para novo escândalo desses, disse: eu posso fazer nascer filhos de Abraão dessas pedras!.
Ou seja, Abraão é um nada. O maior patriarca dos filhos do Diabo, reduzido a progenitor de pedras. Jesus foi o maior escândalo judaico. O próprio sangue judeu que Jesus poderia ter, por parte de uma mulher, não importa para a salvação: quando se aceita Jesus, segundo tradições cristãs, o sangue judeu é limpado. Limpado de que? De tudo que seja judeu.
Mas é válido zombar dos cristãos por isso? Por sua amigável fixação doentia nos filhos do Diabo?. Eu imagino que não. Porque Jesus é pop mesmo. Ora, até comunista hoje se diz cristão: Paulo Freire, Leonardo Boff, Frei Beto, Júlio Lancellotti, Papa Francisco, pastoral da terra, teologia da libertação e todas essas sandices que insistem em unir Cristo e Marx. Então, tá de boas, todas essas apropriações que fazem do popstar da cruz.
Mas e a fala do presidente Lula, que comparou o holocausto judeu à guerra de Israel contra os palestinos terroristas? Agora, Lula recuou, está dizendo que não citei o nome holocausto. Isso deve servir para a sua militância. Mas é apenas seu franzino apertando e apitando. Ele não mencionou a palavra holocausto, mas nem precisa, para bom entendedor. O fato é Lula, que nunca se desculpa por suas falas homofóbicas, transfóbicas, machistas e racistas, também não se desculpará por essa antissemita. Mas aqui o buraco é mais embaixo, Lula não mexeu com militantes de minorias, mexeu com algo maior, com os que se julgam filhos de Deus.
Por-por por hoje é só, pe-pe pessoal!