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O Amigo ‘Americano’ de Franklin Jorge (XV)

José Vanilson Julião, jornalista, escreve sobre uma importantíssima incorporação artística às películas: a música! O som foi uma aguardada e planejada revolução dentro da técnica cinematográfica.  

*José Vanilson Julião

[email protected]

A décima quarta dessa série você encontra aqui.

Antes que esqueça e para ser justo, é preciso mencionar que antes de Lamartine S. Marinho – predecessor de Gilberto Souto – mencionados correspondentes da “Cinearte” em Hollywood e Arthur Coelho, em Nova Iorque, Raul de Toledo Galvão é o responsável direto pelas notícias, entrevistas e fofocas.

A estreia na revista carioca especializada em cinema acontece na décima edição (5 de maio de 1926) com artigo especial (datado do mês anterior), primeiro direto de Nova Iorque: “A Música no Cinema – As nossas orquestras”.

5ª Avenida, Nova Iorque, década de 20

Em junho, sete edições depois, o assunto continua no mesmo tom. Quando o assunto são os órgãos, aquele instrumento musical que muitos pensam ser o piano. Ele explica como deve ser executado na igreja ou no cinema. Sendo que, neste caso, toca-se tudo que é música: “rag-times”, marchas, tangos argentinos…

A pisada continua no número 24 (11 de agosto) com o mesmo título no artigo, mas agora com o subtítulo: – O repertório do Cinema Rialto em Nova Iorque. 27 de outubro (edição 35) o negócio agora é “Cinemas e Cinegrafistas”, com “Novidade norte-americana”: “O CHÁ NOS CINEMAS”.

“Nos primeiros dias os filmes eram apresentados a seco, ou melhor falando, sem música. Esta foi introduzida logo depois e adaptada para seguir a película em todas as modalidades… Ultimamente uma das casas de Chicago está servindo chá aos frequentadores e a moda já está em Nova Iorque, cabendo ao Cinema Warner (antigo Picadilly) …

Posteriormente escreve sobre a abertura do Cinema Roxy (NY). E mais dois artigos sobre o sistema Vitaphone, a novidade que combina filmes e sons. O último sobre o assunto e para a revista carioca, também, data de 2 de março de 1927 (número 53).

Roxy Theater Weekly Review March,10/1928

Roxy Theater (NY), cinema

Uma das salas de exibição do Roxy (NY)

O Roxy é uma das mais antigas e maiores redes de cinema dos EUA, acima, o Roxy da cidade de Northampton, Pennsylvania

São registradas oito ocorrências do primeiro correspondente para ser exato. Toledo era natural de Itu. Compositor, organista, arranjador, foi para Nova York (1924) e trabalhou como pianista de cinema, organista de teatro e instrumentador na R. K. O. Incorporation (1930/32).

Contratado pela Rádio Record no carnaval de 1933 como arranjador escrevia arranjos vocais para grupo de “vozes femininas e quatro masculinas” que se apresentava no programa “Divertimentos Lever”, que estreou em maio de 1939. Segundo entrevista concedida ao “Diário da Noite” (1 de junho), já tinha cerca de 30 arranjos orquestrais irradiados e “outros tantos vocais”.

Responsável por trazer o primeiro órgão Hammond¹ para a capital paulista, também trabalhou na Rádio Nacional (Rio de Janeiro).

Detalhe do teclado do órgão Hammond

 

Um Hammond

 

¹ Órgão Hammond é um tipo de órgão de baixo custo, criado por Laurens Hammond, como alternativa para os caríssimos órgãos de tubo, (N.E.).

FONTES

Cinearte

Os arranjadores da Rádio Record de São Paulo, 1928-1965 – Maria Elisa Pasqualini (UFRJ)

Os arranjadores da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, 1930-1960 – Leonardo Ribeiro Pereira (UFRJ)