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O arrego do fanfarrão

Maduro decide conversar com o Georgetown, embora afirme, aos jornalistas, que Essequibo não é assunto em questão.

*Diário de Cuba

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A Assembleia Nacional da Venezuela atrasou a aprovação da lei de anexação do território em disputa com Guiana, enquanto o primeiro encontro entre representantes dos dois países acontece em São Vicente e Granadinas, com o objetivo de reduzir a tensão que aumentou nos últimos dias devido à polêmica fronteiriça.

O Legislativo, controlado pelo chavismo, realizou duas sessões entre quarta e quinta-feira passada sem fazer qualquer menção à chamada Lei de Defesa da Guiana Esequiba , com o qual Caracas busca formalizar a criação de um novo estado venezuelano sobre a área em disputa, controlada por Georgetown.

Ao final da sessão de quinta-feira, o presidente da Câmara, Jorge Rodríguez, convocou os deputados para um novo debate na próxima terça-feira, quando ainda não foi anunciado se será retomada a discussão da lei, que, segundo o chavismo, seria aprovado esta semana, informou a EFE.

A lei foi suspensa no mesmo dia em que os líderes da Venezuela e da Guiana, Nicolás Maduro e Irfaan Ali, se reuniram em Kingstown para reduzir as tensões e erradicar ações unilaterais, a pedido dos governos da região, especialmente do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Na quinta-feira, Maduro e Ali apertaram as mãos durante a tão aguardada cimeira sobre a região disputada. Um vídeo publicado pelo Governo da Venezuela mostrou o momento, com os líderes rodeados por assessores e funcionários dos blocos regionais caribenhos no Aeroporto Internacional de Argyle, perto da capital de São Vicente e Granadinas.

Em uma coletiva de imprensa realizada entre as reuniões, Irfaan Ali disse aos repórteres que havia delineado na reunião com Maduro a “posição clara da Guiana de que somos um país e um povo que respeita paz. Não temos outra ambição senão buscar a coexistência pacífica com a Venezuela e todos os países desta região”, citou a CNN .

“Deixamos bem claro que a Guiana não é o agressor, a Guiana não está buscando a guerra”, acrescentou ele, “mas a Guiana reserva-se o direito de trabalhar com todos nossos parceiros para garantir a defesa do nosso país.”

Ali explicou que o encontro presencial com Maduro não era o fórum apropriado para resolver a disputa territorial sobre a região rica em petróleo, que representa cerca de dois terços do território nacional da Guiana, e em vez disso notou o caso aberto sobre o assunto perante o Tribunal Internacional de Justiça em Haia.

“A Guiana não recuará em nada para garantir que esta questão seja decidida pela CIJ e que o resultado seja respeitado por todos”, disse Ali na quinta-feira.

A Venezuela há muito reivindica o Essequibo e rejeita uma decisão de 1899 de um tribunal internacional que estabeleceu os limites da fronteira. Nem reconhece a jurisdição da CIJ sobre a questão.

Os primeiros-ministros de São Vicente e Granadinas e Dominica, além de enviados da ONU e do Brasil, estiveram presentes na sala como interlocutores.

Os líderes de São Vicente e Granadinas e Dominica também atuam atualmente como chefes dos blocos regionais, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a Comunidade do Caribe (CARICOM), respectivamente.

Em sua primeira reação pública ao conflito, Miguel Díaz-Canel comentou no X: “Cuba saúda as conversas entre os presidentes da Venezuela e da Guiana. Os países e atores envolvidos estão cientes das ações de Cuba para contribuir para a resolução dos conflitos em nossa América, como temos agido neste caso de acordo com as solicitações de cada parte.

Até esse comentário, Havana não havia mencionado a disputa, que prejudicou as relações entre os dois países sul-americanos. O regime da ilha mantém relações com os dois governos em conflito, embora Caracas seja o seu aliado mais próximo na região e um dos seus principais parceiros comerciais.