*José Vanilson Julião
O falecido jornalista Everaldo Lopes Cardoso apontou o bacharel em Direito Salomão Filgueira, redator de “A República”, como o primeiro repórter esportivo entre o segundo quinquênio dos anos 10 e a primeira metade da década de 20 do século passado.
Porém outro personagem, que esteve dentro de campo como jogador do América de Natal, também pode ser mencionado como pioneiro nesta área. Com artigos na revista mensal “A Palavra”, da Congregação Mariana de Moços.
Como atesta na página quatro (julho/1922) texto do futuro desembargador João Maria Furtado, o “De Maria”, com o título “DESPORTIVAS” (assim mesmo: caixa alta).
O primeiro parágrafo – Uma nova fase de vida e esperança, desperta agora, depois de um longo estacionar, para os esportes em nossa terra. E, principalmente os esportes terrestres, o futebol, o querido jogo bretão, reanima-se, e como a Fênix da fábula ressurge de suas próprias ruínas…
A publicação tinha como diretor o farmacêutico Lauro Guimarães Wanderley e redatores o professor Ulisses Celestino Góes, Perceval Caldas e Antônio Fernandes. Redação: Rua Coronel Bonifácio.
Passa a edição de setembro e a edição do mês seguinte (página três) veicula o resultado do Torneio da Independência (8/9), envolvendo o América, ABC e Centro Esportivo Natalense.
O primeiro jogo da competição organizada pela Liga Desportes Terrestres: América 0 x 0 ABC. Com arbitragem de Antídio Guerra. O alvirrubro se classifica (dois cornes contra um) para a segunda partida contra o CEN.
No primeiro tempo o time de camisa verde alcança a vantagem mínima (um corner de saldo). Mas na etapa complementar a representação americana empata.
O alvinegro retorna ao gramado. Entretanto o CEN abandona a cancha alegando gol de impedimento. Com o torneio indeciso! Conforme cobertura de J. M. Furtado.
Furtado, natural de Baixa Verde, volta ao assunto do desenvolvimento do futebol (19/6/1923): “Não há motivo de desanimar, nem de abandonar o que já está feito. Temos três clubes, uma liga, falta quem a dirija, pois vontade encontrará da mocidade natalense…”
No terceiro ano de circulação (número 24) insere “Diplomados da Escola de Comércio” com cinco fotografias: Júlio Souza Miranda (funcionário do Banco do Brasil), Carlos Fernandes Barros (auxiliar da contabilidade dos Correios), Francisco Silva Bastos (guarda livros da firma Ezequiel Mergelino de Souza), Manoel Aguiar Filho (Banco do Brasil) e Orlando de Oliveira (caixa da Anglo American Petroleo).
- F. Barros é um dos fundadores do América (14/7/1915) ainda com jaqueta azul devido a existência do Natal Sport Club com a cor vermelha.
João Maria Furtado é lembrado pelo gol que deu o título do “Torneio da Independência” (no ano do centenário) ao alvirrubro.
Como também pelo livro de memórias “Vertentes”, no qual relata passagens da “Intentona Comunista” (novembro de 1935).