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O aventureiro aéreo

Em eletrizante biografia de Jean Mermoz, escritor potiguar produz obra de referência que engrandece a história da aviação.

*Franklin Jorge

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Confesso-me eletrizado pela leitura de Jean Mermoz, biografia do aeronauta francês, pioneiro da Travessia do Atlântico, escrita por um norte-riograndense que se impõe por seu requinte formal e pelo cuidadoso e diligente labor de pesquisador capaz de grande proeza: dar vida a um morto que, através da palavra, passa a conviver outra vez entre nós.

Autor de uma obra cult e original, Roberto da Silva se fez reconhecido por sua cultura e talento, inequivocamente expressos nessa obra que transcende o gênero biográfico e se faz ler como um apaixonante romance de aventuras, em parte desenrolado no ar, sobre o mar sempre recomeçado e sobre o deserto africano, da Europa ao continente sul-americano.

Nascido em Canguaretama, mas sem ranço de provincianismo, diria até sofisticadíssimo em seu intento de resgatar e conceder uma segunda vida a esse pioneiro da aviação que há um século respirou o ar de Natal, cidade que por isto mesmo passou a fazer parte da história da aviação desde os seus primeiros passos.

Lendo dificultosamente, por causa do glaucoma, terei feito algumas vezes uma leitura dinâmica dessas páginas, não sei ao certo se pelos obstáculos que tal mal acarreta ou levado pela ansiedade de avançar mais na leitura para saber mais dessa vida marcada pelo heroísmo e pela probidade de caráter do nosso carismático personagem recriado pela verve do autor dessa obra significativa que já nasce clássica.

Para validar o que afirmo, permitam-me reproduzir algumas linhas do primeiro capitulo de Jean Mermoz, livro que ultrapassa 700 páginas:

‘’-Vão matar seu filho!

Essa frase sinistra já fora dita seis vezes nos últimos meses por alguém que não se identificava. Assim, quando o silencio e a paz na casa de Madame Gabrielle Mermoz foram cortados pela campainha do telefone, na manhã de 5 de dezembro de 1936, um arrepio percorreu todo o seu corpo. Ela não era uma mulher que se assustasse facilmente. Sustentada por sua fé e pela confiança Na sorte de seu filho, mesmo quando Jean voava em perigo ela procurava dominar o medo.  Mme. Mermoz  jamais o externava. Se o dominou completamente não o sabemos…’’

[Introdução – Pág. 23]