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O bambambam de Zé Reeira

Uma das mais antigas artérias do bairro Cidade Alta é privatizada com a complacência e o descuido prefeitos corruptos, violando descaradamente o direito elementar de ir e vir dos natalenses

Franklin Jorge

Há coisas que só acontecem em Natal.

Uma rua ser privatizada com o lero do prefeito.

É um caso escandaloso que passa despercebido: a rua não é mais do povo, virou negócio familiar.

Uma das ruas mais antigas de Natal, a Professor Zuza, entre as avenidas Rio Branco e Princesa Isabel, tornou-se propriedade privada. Uma grande maracutaia. Para homenagear Ruy Pereira, que se tornou um ícone cultural sem nada ter feito pela cultura, exceto o fato de ser um tremendo cara de pau. Morreu a caminho de Campina Grande, onde semanalmente visitava a amásia em carro oficial e diárias pagas pela Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Um verdadeiro cu de boi ele protagonizou silenciosamente e ainda recebeu homenagem póstuma. Um grande filho da outra.

Devíamos exaltar o Professor Zuza, benemérito natalense, desasnador de centenas alunos, reconhecido, importante personagem do anedotário da Natal antiga. Pois perdeu a homenagem que lhe foi conferida por seus concidadãos. Por beneficiários de seu conhecimento e didática eficaz. Perdeu para Zé Reeira, quando o mérito já não conta e até constrange.

As sociedades Ruy Pereira proliferam sem razão. É mais um desses falsos ídolos de que a esquerda é farta. Criaram uma biografia pro Ruy, de bandido a cowboy. É sociedade em banda de lata. Ruy tornou-se um ícone cultural, além de grande gestor e médico caridoso. Uma praga do semi-árido. Por onde passou revelou-se um gênio e morreu de graça. Levando de contrapeso o motorista, que não teria amante e só estava ali prestando um serviço na hora errada.

O prefeito Álvaro Dias, em seu afã de angariar simpatias eleitorais, passou por cima da lei. Defecou na lei. Que seja tudo o prefeito. Menos um cagão. Já é negócio.  Mesmo um prevaricador que vai farrear no Beco de Zé Reeira. Queimando o populismo sem se dar cobro de si. Um espaço cultural que compromete o IFRN. O prefeito não está nem aí para o certo. Mas talvez se dê mal, dando o que não é seu. Natal não é Caicó. Há mais olhos a se perder de vista, vigiando o prefeito.

O prefeito está dando o que não é dele. Há aí prevaricação. Desse jeito não dá, seu Álvaro. Vamos fazer a coisa certa. Restitua a rua Professor Zuza ao povo de Natal. É rua antiga, não pode ser privatizada, mesmo duvidosamente em troca de votos.  Não, por esse preço não, yoyô!

O prefeito Álvaro Dias está se excedendo nessa mamata. O secretário de entretenimento devia alertá-lo. Quer ser o bambambam de Natal? Doando o que não lhe pertence? Na Ribeira também há uma sociedade de Amigos de Ruy; muitos amigos, muitas honrarias falsas. É muita escrotice fazer de Ruy amigo da cultura. Das cachaçadas e das diárias desavergonhadas imaginem que quiseram pinta-lo como bom moço. Um verdadeiro estafermo exportado por Serra Negra. Confundia o público e o privado.

Franklin Jorge, é Jornalista e Escritor.