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O beijo

Gustav Klimt executou essa obra entre 1907/1908 e é o auge de seu período conhecido como período dourado, com forte influência das cores dos mosaicos de Ravena.

*Alexsandro Alves

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Eros, para se vingar de Apolo, o faz se apaixonar pela ninfa Dafne. No entanto, acerta uma flecha em sentido contrário na ninfa, que a faz sempre repelir qualquer contato físico, sobretudo com Apolo.

Este é insistente e deseja beijá-la a qualquer custo. Perseguida pelo deus, a ninfa deseja perpetuar a sua virgindade, tal é a aversão que sente por contatos físicos.

Ela roga para seu pai, o rio Peneu, que a transforme em uma árvore, o loureiro e, assim, possa para sempre ser virgem.

No entanto, enquanto estava se transformando em árvore, Apolo surge e a beija.

É esse o momento do quadro de Klimt.

O quadro encerra um momento de dupla frustração. Porque Apolo, por seu lado, não é correspondido por Dafne. E esta, por sua vez, não consegue se livrar do contato sensual, como planejara. Ambos se frustram.

Dafne não retribui o beijo do deus, na verdade, lhe vira o rosto. A insistência de Apolo, com suas texturas retangulares, bem como seu pescoço, ambos fálicos, é um estupro, para os dias atuais.

Dafne foi o primeiro amor de Apolo e o primeiro também entre outros amores trágicos do deus. Após esse beijo frustrante, a transformação da ninfa em árvore se completa.

E Apolo cai em grande tristeza, enquanto que de Dafne, agora um loureiro, não se sabe mais nada. Ela permaneceria solitária e ele sempre se envolvendo em relações que, de muitas maneiras, sempre terminam na miséria do outro.