*Franklin Jorge
O Covid 19 deixa-nos algo de bom: revitalizou a Cultura, dando espaço aos talentos e mostrando o quanto nossas instituições chamadas culturais têm se equivocado, a ponto de se tornarem desnecessárias, como a Secretaria Municipal de Cultura, a Funcarte e a Fundação José Augusto, elefantes brancos que atravancam a dinâmica de um segmento menosprezado por gestores ineptos e arrogantes que parecem conduzir reis na barriga.
As Redes Sociais estão contribuindo para essa mudança auspiciosa. Democráticas e ao alcance de todos, estão ocupando um espaço cada vez maior na vida das pessoas, deixando para trás instituições que aos poucos vão perdendo a utilidade, pelo mau uso que delas fizeram no curso dos anos. Os artistas locais estão saindo da senzala e do pelourinho no qual foram acorrentados por gestores desqualificados que miram apenas o próprio umbigo.
Cidades antes excluídas por governantes e gestores mostram-se agora, por iniciativa dos próprios artistas, em sua grandeza criativa, como está ocorrendo em Currais Novos, Caicó, Ceará-Mirim, Pau dos Ferros e Luís Gomes, para citar esses exemplos que nada devem ao poder público. Caicó, por exemplo, prepara-se para ter o seu próprio Salão de Artes Visuais. Enquanto Navegos se afirma como um motor de ideias plurais no campo do Jornalismo Cultural, mostrando com toda a clareza o desserviço de instituições que não fazem senão perseguir e obsequiar grupelhos de amestrados.
Em Caicó, cidade-polo do Seridó, esta sendo urdido, sem o concurso do oficialismo, uma mostra nacional de curtas-metragens, além do já referido Salão. Sequer a Casa de Cultura, órgão do governo do estado que por muitos anos se manteve por esforço próprio de alguns artistas locais (o governo pagava apenas o salário do diretor) foi contatada para servir de local para essas mostras, o que seria de se esperar se a cultura dita oficial ainda merecesse algum crédito dos artistas e realizadores.
Em Natal, há anos, gestores rancorosos e perseguidores transformaram as instituições em guetos, para satisfação individualista de alguns em detrimento de muitos e, sobretudo, dos reais valores de uma terra que trata seus artistas com ingratidão e desrespeito constantes.
Mesmo o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, que mais investiu em cultura, tornou-se odiável aos olhos dos artistas, humilhados por preposto seu que se estratificou em seu posto há mais de uma geração, beneficiando mais os artistas de fora do que os locais que sofrem na pele e na alma em anos e mais anos de desmandos e ações equivocadas que deixa à mostra o jogo do poder.
O RN vive um renascimento cultural que se caracteriza pela independência dos talentos em relação às instituições que mais parecem aos olhos de todos sepulcros caiados.
Que descansem em paz!