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O boi esfolado (The carcass of an ox)

A novidade para hoje é uma leitura do passado, como foi ontem, antes de ontem…

*Alexsandro Alves

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Dois amigos conversavam em um café enquanto folheavam um livro sobre o barroco holandês. O boi esfolado, de Rembrandt, os deteve por um tempo considerável, enquanto dobravam sucessivos copos de moca.

O que mais me chama a atenção na arte moderna é a sua crueza…

Sim, há nela um caráter primitivo, mas espontâneo!

Diria que se assemelha ao impulso original do primeiro coito!

Esse abandono à violência com toques coloquiais, onde o sangue nada mais é do que sangue, sem leituras religiosas ou qualquer conotação que seja. É como nos entregarmos ao doce ócio intelectual com as mentes prontas a receber algo e por fim, nada recebemos, mas nos sentimos preenchidos.

Imagino que libertar a arte de qualquer noção pré-concebida foi o passo mais audacioso dos modernistas. A cor não precisa ter uma forma para ser cor. A cor é cor. A linha é linha. O contorno é contorno. A perspectiva virada ao avesso cria novas perspectivas.

Novas? O que há de novo na arte? O novo na arte é um detalhe encontrado em algum mestre do passado e posto em evidência por desconhecidos. É um recorte de um período histórico transformando em ethos. Um detalhe antigo transformado em nova regra.

 

Rembrandt, O boi esfolado, 1655.