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O Bolero, de Ravel… e de Benois?

Os herdeiros de Alexandre Benois reivindicam coautoria da obra mais famosa de Maurice Ravel.

*Alexsandro Alves

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A obra mais icônica da produção do francês Maurice Ravel é alvo de ação judicial por parte da família de Alexandre Benois, o cenógrafo que fez os cenários na estreia do balé em 1928.

O balé Bolero, foi composto por Ravel a pedido da bailarina Ida Rubinstein, e sua estreia foi escandalosa, devido à sensualidade da coreografia. Porém a obra caiu tanto no gosto do público que acabou migrando para as salas de concerto.

Em 2016, ela entrou em domínio público, mas uma ação judicial pode modificar seus status. A família do cenógrafo Alexandre Benois quer que os lucros financeiros da obra sejam divididos com ela, pois afirmavam que Benois é coautor do Bolero. A justiça francesa decidirá o caso, e se a família de Benois for vencedora, a obra será retirada de domínio público e só voltará para ele em 2039. Até lá, os Benois faturarão ativos de uma obra sempre popular.

Mas tem isso sentido? Aliás, Os balés de Tchaikovski são apenas dele.

Eu espero que os Benois não saiam vitoriosos. Um cenógrafo ou mesmo um coreógrafo não são donos da música de um balé. Sobretudo de uma música que saiu dos teatros e ganhou outros ambientes, como as salas de concerto, onde Bolero é executado sem qualquer dança. A obra vive, e muito bem, sem o teatro. Além disso, o processo criativo da obra é detalhado por Ravel em seus diários, e Benois nunca é mencionado. Na época, o cenógrafo até que tentou se passar por coautor, mas foi sempre incisivamente desmentido por Ravel em entrevistas.