*Alexsandro Alves
Hoje se encerra o papado do Papa Francisco, um papado cheio de controvérsias eclesiásticas, apoio e tentativas de cancelamentos por movimentos sociais, como o LGBT, que tantas apoiou quanto criticou as decisões papais sobre assuntos como homossexualidade ou aborto. O Catolicismo, religião que se inicia no século IV d.C. a partir de uma visão do Imperador Constantino, com a morte de Francisco, tem dois caminhos: ou continua o legado “progressista” do papa falecido ou coloca no trono eclesiástico de Constantino um conservador. Eu ponho o termo progressista entre aspas pois de fato seus avanços foram poucos, mas se comparando com outros pontífices, é quase um legado fora da curva.
Um dos nomes mais fortes para suceder Francisco é o de Roberto Sarah. Quem é ele?
Sarah é o principal nome conservador no páreo de sucessão. Africano, nasceu no Guiné, filho de animistas convertidos ao catolicismo. Como cardeal, sua posição é reacionária em muitos assuntos: família tradicional, não ordenação de mulheres, contra o aborto e pautas queer (que ele considera como “ideologia de um ocidente fanático que espreita a inocência africana”), além disso, defende que a Missa precisa ser rezada em latim e com o padre voltado para o altar (ad orientem, na linguagem litúrgica). As modernizações que muitos padres introduzem durante a celebração da Missa, ele considera uma invasão do secularismo ocidental.
Esse cardeal é muito amado pelos setores mais conservadores do catolicismo, grupos como Centro Dom Bosco, Tradição, Família e Propriedade (TFP) e Agnus Dei veem nas posições fortes desse cardeal africano o remédio para sanar e limpar integralmente as feridas que, segundo esses grupos, infestam o catolicismo brasileiro: a teologia da libertação e a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) – “´órgão esquerdista”, segundo esses grupos. Os sermões do cardeal, enraizados nas tradições católicas, conseguiram tornar sua figura uma liderança política em Guiné, contra sua vontade, “pois a igreja deve se afastar da política”.
Por isso mesmo, sua atuação dentro da igreja foi vista como antagonista da do Papa Francisco, no entanto, sempre observou seu respeito ao sumo pontífice. Na Cúria Romana, ocupou cargos de destaque: foi secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos (2001-2010), presidente do Pontifício Conselho Cor Unum (2010-2014), e prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (2014-2021), este último por indicação do próprio Papa Francisco. Durante sua gestão, manteve firme sua defesa da liturgia tradicional.
Sarah é conhecido por seu alinhamento com a doutrina católica clássica e por suas críticas ao avanço do secularismo e do relativismo moral. Em seus escritos, como “O Dia Agora Está Terminando” (2019), defende uma liturgia mais solene e reverente. Suas posições são elogiadas por conservadores e enfrentam resistência entre setores mais progressistas. Caso sua ordenação se confirme, se cumprirá o que o Centro Dom Bosco afirma: “a África salvará o catolicismo”.