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O cascudiano do Piabanha

Fundador de Navegos evoca cascudiano emérito que organizou e divulgou a colaboração do polígrafo potiguar à Imprensa de Petrópolis, na serra fluminense, sob o título Câmara Cascudo Do Potengi ao Piabanha [edição do autor, esg.]

*Franklin Jorge

Pesquisador pertinaz de valores culturais nordestinos e brasileiros, advogado aposentando vivendo em Minas Gerais, o fluminense Francisco de Vasconcelos é autor de uma obra que remete o leitor a um bouquet temático que interessa aos estudiosos e curiosos da Cultura Brasileira e de personagens que, a sua maneira, marcaram uma época e subsistem na memória de muitos.

Sua contribuição à historiografia cultural torna o passado presente de uma realidade rica de acontecimentos e personagens os mais apaixonantes e cheios de vida. Há anos delicio-me com suas publicações e me enriqueço com informações que ele torna acessíveis cm generosidade e fluência. Seu último livro reúne suas observações e estudos de um teatro que se tornou popular em Algum momento da nossa História pública ou privada, por feitos que se incrustaram no imaginário que lhe assegura a imortalidade.

Escreveu um livro, embora precariamente editado, de grande importância para nós, potiguares, no qual reúne e comenta publicações de Luís da Câmara Cascudo em jornal de Petrópolis, na serra fluminense, unindo dois rios, o Potengi e o Piabanha. Que se circunscrevem à geografia de cidades caras ao autor d´O livro das velhas figuras.

Me lembro que ouvi de Dona Dahlia Freire Cascudo que seria Francisco de Vasconcellos, em sua opinião o mais autêntico cascudiano então vivo, comprometido com uma pesquisa fecunda, sem descuido para ostentações. Quis que fossemos amigos, naquela tarde em que a entrevistei para um dos volumes d´O Spleen de Natal. Deu-me o envelope duma das cartas que Vasconcellos  escrevera ao Historiador da Cidade, recomendando-me que me apressasse em conhecer alguém que, por seus méritos e devoção à obra cascudiana, valia conhecer. Escrevi-lhe na mesma noite.

Tarde inesquecível, essa, em que registrei através de longo depoimento gravado, suas declarações e confissões, sobre seu longo e íntimo convívio com Luís, seus métodos de trabalho, a lenda em que se tornara, as noites entregue à leitura e ao trabalho que o consagra.

Trinta anos se passaram desde então. Dessa amizade e desse convívio que se enriquece agora com a leitura desta obra sucinta em sua forma, imensurável em conhecimentos que nos deliciam e ampliam uma bibliografia já ilustre, produzida por esse cascudiano atraído pelo estudo da Cultura Popular Brasileira, Francisco de Vasconcellos, que me recomendou a seu irmão, Gilberto.

Sobra-lhe a fibra do pesquisador, a curiosidade, a obstinação e a contumácia que se revelam na interpretação de temas que fazem parte da nossa nacionalidade.

Salvo seja.

 

 

Rio Piabanha.