*Nonatto Coelho.
Em uma pacata cidade na região metropolitana de Goiânia, vive e trabalha um dos grandes artistas naturalizados Brasileiros, o grego Papas Stefanos. Nascido em Rhodes, a maior ilha da região das ilhas Dodecanesas da Grécia, onde abrigava uma das sete maravilhas do mundo antigo: o Colosso de Rhodes, Papas veio com a família para o Brasil ainda criança, em 1956, e depois de perambular por vários lugares pelo Brasil ancorou sua nau no porto seco e árido da cidade de Goianira, atraído pelos encantos de sua amada esposa Glória Pinheiro, e lá vive e trabalha.
Papas Stefanos é um enamorado da vida, e sua pintura repleta de brasilidade não deixa de cantar sua Grécia Natal nas entrelinhas, nos pormenores dos ambientes doméstico-familiares de suas composições, na alegria e festividades da gente simples do interior, que ele pinta e desenha, basta observarmos o seu rico imaginário pictórica, onde o ser humano embriagado pelo faustoso prazer das festas populares, dos espetáculos circenses, e até pela música popular e folclórica, que somos capazes de “ouvir”, ao ver algumas das múltiplas facetas da pintura desse “trânsfuga”, que ama suas duas pátrias, e que, a exemplo de célebre Zorbas (o personagem mais festejado do escritor Nikos Kazantzákis) que dançava sempre para expressar o seu amor ao ser humano e pela sua terra natal, o Papas Stefanos pinta para demonstrar o carinho pelo país que o acolheu.
No panorama da pintura brasileira ele se integra com verdade na tessitura da arte popular, com elegante e lúdica movimentação, onde o interesse no humano e suas vizinhanças é explícito. Ele alcançou sua maturidade e seu pleno domínio da técnica de um desenho/pintura.
Em uma das fases pictóricas de sua primeira juventude, ele exerceu uma arte gestual, um desenho rápido sobre um fundo escuro, quase uma abstração, de onde a luminosidade de suas composições vinham do interior dos objetos; agora não, a luz incide de fora para dentro, toda a cena é iluminada e deixa transparente a sua intenção quase teatral, mas, mesmo se aproximando da literatura, é pintura racional, sem perder o doce mistério de sua criação.