*Abraão Gustavo
Não é de hoje que percebo, com inquietação, que a Igreja Católica vem sendo minada em seu âmago. O que deveria ser o farol da civilização, guardiã da Verdade, tornou-se refém das pautas que brotam das planilhas da ONU e dos laboratórios de pensamento pós-moderno. O conclave que se aproxima dificilmente será um resgate. Está mais para coroação de uma decadência anunciada.
Grande parte dos cardeais foi escolhida por um pontífice que, ao invés de confirmar os irmãos na fé, preferiu abraçar causas terrenas, jogando a doutrina no colo do consenso progressista. Trocaram o latim pelo jargão sociológico. A teologia, agora, parece uma ONG de consciência ambiental.
O que deveria ser um evento espiritual – homens recolhidos em oração e temor – virou um processo político. Fazem campanha, jogam pressão, articulam. A fumaça que sobe da Capela Sistina já não é apenas sinal de decisão, mas de confusão.
Se ainda há nomes fiéis à doutrina? Poucos. Cardeais como Robert Sarah, por exemplo, ainda falam com a força de quem crê, não de quem negocia. Mas exatamente por isso são ignorados. A lógica é clara: quanto mais fidelidade ao Evangelho, menos chance no sistema.
O que está por vir? Provavelmente um sucessor moldado no barro ideológico do tempo presente: mais “inclusivo”, mais “aberto”, mais “planetário”. Um papa que cite Greta, mas esqueça Santo Agostinho. Que abrace a sinodalidade, mas fuja da Cruz.
A Igreja, contudo, não depende desses homens para ser aquilo que é. Cristo a prometeu indestrutível — e essa promessa permanece. Mas entre a promessa e o juízo, há dores. E estamos nelas.
Sigamos firmes, atentos, com os joelhos no chão e os olhos no alto. Ainda há santos, ainda há esperança. E onde há esperança, há combate.
— Abraão Gustavo, cronista de um tempo em que a fé precisa reaprender a ser rocha.
