*Gerinaldo Moura da Silva
O Engenho Carnaubal foi fundado no vale do Ceará-Mirim ainda na primeira metade do século XX. Existem indícios que sua construção date de 1810. Seu fundador é o português Antônio Bento Viana, que também era Coronel da Guarda Nacional. Em 1840, era um engenho moderno para a época e estava safrejando com todas as peças de maquinaria avançadas.
É considerado o mais antigo engenho do Ceará-Mirim e região, e o segundo mais antigo do Estado do Rio Grande do Norte, pois, o mais antigo engenho potiguar é o Cunhaú, que fica localizado em Canguaretama (RN) e que foi marcado pelo massacre dos indígenas contra os cristãos católicos, considerados proto mártires do Brasil.
Durante muitos anos, o Engenho Carnaubal pertenceu ao Coronel da Guarda Nacional Carlos Augusto Carrilho de Vasconcelos e após sua morte foi administrado por seus filhos.
O Engenho carnaubal limita-se com o Rio Água Azul, principal afluente do Rio Ceará-Mirim, com o Engenho Diamante do Senador Augusto Meira, com o Rio Ceará-Mirim e por fim, com o Engenho Guaporé, do Dr. Vicente Inácio Pereira, hoje o Museu Nilo Pereira.
Devido à influência da Inglaterra no mundo moderno por conta da Revolução Industrial, o Coronel Antonio Bento Viana comprou uma moenda de ferro horizontal, que foi instalada na fábrica para melhorar e aumentar a produção. Essa moenda estava funcionando já em 1843, mesmo ano em foi inaugurada aumentando assim a competitividade no mercado açucareiro.
Era um engenho a vapor e sua fábrica possuía um bom maquinário, um assentamento que abrigava 05 (cinco) tachos de ferro galvanizado, um parol de ferro e um encanamento para alambique feito em cobre e fabricava além de açúcar mascavo, aguardente de cana e rapadura que eram vendidos principalmente para o Sertão. Completando o cenário, algumas casas de moradores foram construídas em frente à casa grande e ao engenho, tendo na parte central, um círculo com o nome do último proprietário, ARY. Após a desativação, a propriedade voltou-se para outras atividades agrícolas.
No ano de 1930, o Engenho Carnaubal deixou de pertencer aos herdeiros do português Antonio Bento Viana sendo adquirido por Manoel Emydio de França, o famoso “Maneco França” e depois ao senhor Ary Alecrim Pacheco.
O Dr. Júlio Gomes de Senna, afirma que entre os anos de 1935 e 1936, ainda sob a administração de Maneco França, o Carnaubal produziu 560 sacos de açúcar, cada um com 60 quilos. Esperava-se, no entanto, uma produção de no mínimo 3.000 sacos, mas o que houve foi uma drástica redução.
O IAA- Instituto do Açúcar e do Álcool registrava em seu livro tombo, o Engenho Carnaubal com um número 1349 de inscrição estadual. Já se avizinhava a grande crise que abateu sobre o vale trazendo a decadência paulatina da produção açucareira.
Atualmente, o Engenho Carnaubal é apenas uma sombra do passado econômico, social, político, religioso, cultural e histórico de um povo que viu sua história se perder no tempo e no espaço.