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O Engenho Diamante

Colaborador de Navegos, historiador pesquisa e engrandece  a cultura do Ceará-Mirim focando em sua arquitetura de época.

*Gerinaldo Moura da Silva

Transcorria o século XIX quando o Engenho Diamante foi fundado pelo Major Miguel Ribeiro Dantas, que fazia parte da Guarda Nacional, e era filho do Barão de Mipibu.  O Diamante era um engenho de porte médio, e possuía um ótimo maquinário, além de uma estrutura sólida, com paredes largas e arcontadas, cuja construção ficava no alto de uma pequena elevação, em frente à senhorial casa-grande e algumas casas de moradores mais próximos do proprietário e de sua família, como o administrador da propriedade que executava todas as ordens do senhor.

A fabricação de açúcar mascavo se dava através da utilização de uma grande caldeira que pelo vapor movimentava as peças da fabricação, e pelo zelo e dedicação do Major Miguel Ribeiro Dantas, competia em pé de igualdade com outros engenhos de porte maior como seus vizinhos Divisão, Umburanas e Capela.

Engenho Diamante passou a pertencer ao Dr. Olynto José Meira que era casado com a senhora Maria generosa Meira Ribeiro Dantas e tempos depois aos herdeiros de seu fundador, destacando-se dentre os mesmos, o Senador Dr. José Augusto Meira Dantas, que além de político, cuja carreira lhe rendeu os cargos de Prefeito de Belém, Deputado Estadual e Deputado Federal, representando os paraenses. Dr. Augusto Meira também era um humanista, poeta, jornalista, escritor e professor, que seguindo uma tendência, mandou construir algumas casas para os moradores que trabalhavam no engenho colocando na fachada principal as iniciais do seu nome DAM, que significa Dr. Augusto Meira, existindo atualmente apenas uma dessas residências a que serviu por muitos anos à comunidade sediando a Escola Municipal Nélzia de Bastos Meira.

As terras do Diamante ficam localizadas entre o vizinho Engenho Olho D’agua (rebatizado depois com o nome de Engenho Divisão), Engenho Jericó e terras da Jacoca, significando dizer com isso, que a propriedade era uma gleba de terra que atravessava uma parte do território da hoje cidade de Ceará-Mirim.

O Engenho Diamante assim como a maioria dos engenhos em nosso vale, está atualmente em ruínas, embora a casa senhorial e dos moradores encontrem-se em bom estado de conservação. A casa-grande inclusive, passou por uma grande reforma para melhor acomodar os novos moradores.

Toda a propriedade possuía uma grande plantação de árvores nativas muitas delas são espécies trazidas da região do Pará e no meio de toda essa vegetação existe uma fonte de águas cristalinas denominada por todos de “Olheiro do Diamante”, e antes de a cidade contar com a água encanada, era dessa fonte que os burros em barris sob o lombo bem como os  carros pipas transportavam água para ser vendida nas casas dos mais abastados, abastecendo assim as residências dos cearamirinenses com uma água pura e cristalina. Outros ainda utilizavam as águas retiradas de Santa Teresa e do antigo Olheiro Imperial.

A casa- grande possui uma varanda frontal e uma grande e arejada sala, onde havia um local para celebrações, que era o espaço do oratório, que por não possuir uma capela, as celebrações anuais eram realizadas no local citado, oficiadas pelo Padre Antunes, senhor do Engenho Umburanas.

No ano de 1935, o Diamante estava registrado no I.A.A. Instituto do Açúcar e do Álcool e sua produção chegou a de 2.000,00 sacos de açúcar mascavo, cuja produção caiu no ano seguinte para 1.617, chegando a ter um prejuízo de 383 sacos de 60 quilos de açúcar.

Anos após a morte do Dr. Augusto Meira, a propriedade do Engenho Diamante foi adquirida pelo Dr. Marcos Cavalcanti e atualmente pertence à família Patriota, que aproveitou parte da estrutura do velho engenho para erguer ali um depósito com implementos agropecuários e nas proximidades existe um curral além da velha trilha para o olheiro, encontrando nesse itinerário sentimental um obelisco comemorativo ao centenário do Dr. José Augusto Meira Dantas, que recebeu da Prefeitura do Ceará-Mirim uma homenagem sendo patrono de uma rua no bairro das Cinco Bocas, bem como de uma escola localizada no bairro de São Geraldo.