*Jamal Singh
Quando uma guerra de egos causa o fim da banda Os Baudelaires, o guitarrista e compositor Mário parece ter encontrado uma solução para salvar o grupo: jogarem juntos uma sala de escape. Afinal, para sair do jogo, os cinco músicos terão que lidar com suas diferenças e trabalhar em equipe. O problema é que esse não é apenas um desafio que vai definir o futuro de seus sonhos, mas um verdadeiro pesadelo impossível de acordar. Um lugar criado por um perigoso psicopata, que usa pessoas como cobaias para seus experimentos doentios envolvendo os limites dos cinco sentidos.
O termo “torture porn” foi cunhado pelo crítico de cinema David Edelstein em 2006 e descreve o subgênero dos filmes de horror como “Jogos Mortais”, lançado em 2004, e “O albergue”, lançado em 2005, as franquias mais conhecidas desse subgênero do terror. É caracterizado pela violência extrema e um desapego aos personagens principais. Nesse estilo de filmes o Brasil foi pioneiro, vide os filmes de José Mojica Marins nos anos sessenta, os clássicos do cinema brasileiro (e do terror mundial) “A meia noite levarei a sua alma” e “está noite encarnarei no seu cadáver”, que foram um sucesso de bilheteria apesar de sofrerem com a censura da ditadura militar.
Já as salas de escape são jogos de grupo que se tornaram uma febre mundial. Descendentes diretos dos “mystere rooms”, jogos passados numa casa ou sala aonde os participantes tinham que resolver um mistério, tendo as vezes descobrir quem dentre eles seria o criminoso. Hoje em dia várias empresas ao redor do mundo trabalham com esses jogos, que geralmente envolve descobrir pistas, mas para sair de um local aonde o grupo está preso.
Pode-se dizer que Freakshow é uma HQ de terror que utiliza da ambientação das salas de escape e se insere no subgênero do torture porn. Tudo com um tempero brasileiro, tanto pela história passar-se aqui, mas por seu desenvolvimento que leva a um final clássico, mas ainda assim surpreendente. O quadrinho foi um lançamento da Editora Draco em parceria com a empresa de jogos de fuga Escape Time e o programa de rádio 89 Freak Show. O roteiro foi de Raphael Fernandes, com desenhos em preto e branco de Daniel Canedo e arte-final de Omar Viñole. Em formato zine, a história curta foi lançada no final de 2019 na Comic com Experience – CCXP, em São Paulo.
A Escape Time é uma empresa de entretenimento que trabalha com as salas de escape, com “torture porn”salas totalmente ambientadas de acordo com a história a ser desvendada, dando vida ao jogo. Assim, os clientes, geralmente um grupo de amigos estão “presos” em um ambiente e têm uma hora para escapar dali. Já o Freak Show, é um famoso programa de rádio (na 89FM SP) que é totalmente dedicado aos fãs de terror, sempre embalado com trilha sonora rock tradicional da famosa rádio. Ele é apresentado todos os domingos às 21h.
O quadrinho adulto brasileiro está muito bem representado por obras como essa, que brinca com os esteriótipos e arquétipos já vistos em filmes estadunidenses e apesar da ambientação brasileira, é uma história que poderia acontecer em qualquer lugar que haja uma sala dessas, já que as salas de escape se tornaram um negócio bem comum no mundo. Então cuidado quando decidir ir se divertir numa sala dessas. Aconselho a olhar bem nos olhos do proprietário e ouvir o que ele diz antes de ser tarde demais…
