*Franklin Jorge
Escrevendo sobre o provincianismo brasileiro, o escritor paranaense Wagner Schadeck parece te-lo feito pensando em Natal, cidade que passou da vila dorminhoquenta, descrita pelo nosso modernista maior Jorge Fernandes, a quase metrópole, sem se desfazer do sua já encruada jequice, expressa de maneira crua e contundente em seus gestores culturais que parecem carregar reis na barriga e atropelam artistas e a própria cultura que deviam preservar e democratizar através de ações dignas e meritorias.
De fato, o aparente progresso – visível em seus shoppings e condomínios de luxo tão bem descritos pelo jornalista Gustavo Negreiros ao espionar a vida que se vive no Vila Brasil e Porto Brasil, em Pium -, parece resumir-se ao avanço arquitetônico e a profusão de lojas de grifes, sem tocar, nem de leve, nos costumes e no gosto antes de novos-ricos do que de pessoas bem nascidas e educadas. E tudo fachada e salamaleques, e nada mais. O que explica exemplarmente o nosso atraso e desmemoria fruto da indiferença duma sociedade de barnabes apegados aos cargos públicos.
Já se tornou normal, aqui, essa cultura baseada na ostentação e na vaidade satisfeita, especialmente visível ao bom observador no gerenciamento da cultura, sempre entregue a pessoas inepta e desprovidas do tal conhecimento que faz a diferença e distingue o trigo do joio. Já tivemos, na malograda e folclórica administração da prefeita Micarla de Souza um secretaria que dizia “cagar e andar“ para a opinião pública sem sofrer qualquer reprimenda da autoridade superior. Creio que e isto que fazem os gestores culturais em sucessivos ciclos governamentais.
Lembro-me que sob o calamitoso governo de Geraldo Melo, marcado pela violência policial, surgiu e se estabeleceu o costume de empregar dondocas que não tinham o que fazer na Cultura, que perdurou e fez estragos insanáveis em um segmento subestimado e vulnerável as investidas de políticos em busca de acomodação para seus acólitos.
Quando pensávamos que havíamos passado pelo pior, tivemos os sucessivos governos de Garibaldi Alves, que pôs em circulação uma rafameia de aproveitadores que usaram a cultura em causa própria ou de seus amigos e compadres. Foi quando surgiu o atual secretário municipal de cultura que, para agente da cultura, só lhe faltam cultura e visão, humildade e discernimento.
Ganhou notoriedade nas administrações do prefeito Carlos Eduardo, o que o soltou sem canga em sem corda em terreno, por sua natureza, frágil diante do peso da arrogância vontadosa descontrolado, a ponto de confundir-se com uma forma de morbosidade aparentemente sem cura, já que ele própria se jacta de ter o controle dos prefeitos que o empregam. O cara é o picagrossa da cultura suburbana que só satisfaz seu próprio ego. desperdiça os recursos públicos trazendo a peso de ouro sub-celebridades para posar ao seu lado em fotografias enquanto os daqui são perseguidos e humilhados.
Já estamos tão acostumados aos maus costumes que os seus, dele, secretário, passaram para muitos despercebidos, como o de fazer-se preceder em solenidades no Salão Nobre da Prefeitura de Natal por duplas violeiros a cantar-lhe loas ao seu talento de gestor, na verdade, completamente desprovido de tudo, inclusive de pudor. Como escritor, financiado por recursos públicos, e capaz de superar os limites do ridículo, ao fantasiar-se de índio, parodiando os pintores da corte do Príncipe Mauricio de Natal, ao posar para a capa de um livro imitando o rei da taba de Poty.