*Reynivaldo Brito – Jornalista baiano, Colaborador de Navegos.
Tenho viva na memória a imagem de Abelardo Gama sempre montado num cavalo a caminho de uma roça para atender um chamado de algum fazendeiro para cuidar de uma vaca, um cavalo, uma ovelha ou cabra que estava acometido de alguma doença. Ele teve alguns cavalos, mas os chamados Gaúcho e Brasileiro eram os seus preferidos, e nas festas ou mesmo nas sextas-feiras sempre tomava umas cervejinhas quando desfilava pelas ruas e até subia nas calçadas mostrando as habilidades de sua montaria. Por anos a fio ele era o prático em realizar atendimento veterinário na região.
Tinha uma disposição que metia inveja aos jovens e nunca dizia um não mesmo sabendo que poderia não receber qualquer remuneração ou que o pagamento por seu serviço iria demorar a se concretizar. Tinha sempre um riso quando encontrava com algum amigo ou conhecido para falar de algum trabalho realizado ou da saúde de algum animal que lhe tinham solicitado atendimento.
Durante as vaquejadas sempre estava presente participando da organização, sendo juiz de pista, da saúde dos animais, enfim era também um amante deste esporte que é tão presente no sertão. Também, costumava participar das procissões nas festas de Santa Teresa e das missas que sempre atraiam muita gente, inclusive dos povoados. Não podemos esquecer que era uma pessoa alegre que gostava de festas, inclusive de dançar no Grêmio Social de Ribeira do Pombal.
Ele atendia os chamados dos principais fazendeiros como de Ferreira Britto (José Domingos Britto e Silva), Adelino de Oliveira Britto (Britinho), Paulo Cardoso de Oliveira Britto ( seu Cardoso), Orlando Rodrigues de Souza (seu Vivi) Sisimundo Valadares de Macedo, Lúcio de Santana (seu Lúcio, da Boca da Mata),Reynaldo Jacobina (meu pai, Reinaldão),Walter Brito ( Waltinho de Teté ), Ioió Ferreira de Britto (meu avô, seu Ioió) os irmãos Manoel e Pedro Rodrigues, Joaquim Américo dos Reis (seu Santinho, de Tanque Novo), Elzito Britto, Sebastião Costa (Basto Costa), Ferreira Gama, Godofredo Fernandes da Gama, Manoel Ernestino Santana, Antônio Bernardo da Costa (Totinha), e também de muitos pequenos proprietários de terra do entorno do município.
Seu nome é Abelardo Vieira da Gama, mais conhecido por Abelardo Gama. Nasceu em Ribeira do Pombal em 20 de agosto de 1911, portanto se vivo fosse estaria com 110 anos. Era filho de Francisco Archios da Gama e de Maria Vieira da Gama.Cito estes nomes para relembrar destas figuras que marcaram com suas presenças, e nas atividades comercial, pecuária e agrícola contribuíram com seu trabalho com o desenvolvimento de Ribeira do Pombal.
Lembram os pombalenses que Abelardo Gama era conhecido por sua competência e pelo amor que tinha aos animais, e pela sua disposição. Podia estar chovendo ou fazendo um sol forte que ele montava em seu cavalo, subia na cabine para atender o animal que estava doente. Era funcionário estadual, casado com d. Judith Fonseca Gama. Teve quatro filhos, José (o Zito ), já falecido, Maria das Graças, Tereza e Creuza Maria Fonseca Gama .
Ele veio a falecer em 7 de setembro de 1978, aos 67 anos de idade, deixando para as futuras gerações o seu exemplo de dedicação ao trabalho e aos animais.
Graças a iniciativa do ex-vereador José Martins de Carvalho, conhecido por Zé Bagaço, foi dado o nome de uma importante via da Cidade de Avenida Abelardo Gama. O autor da lei foi então o vereador de 1982 a 1988. Para ele “Abelardo Gama foi um grande veterinário sem estudar. Me sinto honrado em ter tido esta iniciativa”, disse Zé Bagaço. Lembrou ainda das pegas de bois e da vacinação do gado. “Ele ia de qualquer jeito.
Fez festas no Areial quase sozinho, também na Carnaíba, Mirandela, onde ele andava.” Quando perguntado o que era pega de boi explicou: “Pegar o boi na mata, correr encouraçado e trazer o animal para o tão esperado churrasco da festa. Ele tinha uma alegria dífícil de descrever. E nunca negava atender a um chamado, seja lá de quem fosse, rico ou pobre. O Ferreira Brito tinha muito respeito pelo trabalho dele na região”.