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O glamour do cinema

Nadja Lira, jornalista, pedagoga, filósofa, escreve sobre a magia da projeção cinematográfica e do ambiente especial criado para sua exibição: o cinema.

*Nadja Lira

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Nestes últimos meses tenho ido ao cinema com certa regularidade, mas o número reduzido de pessoas que frequentam as salas de projeção chamou a minha atenção. Minha surpresa em relação ao público reduzido tem uma razão especial: é que sou natural de uma cidade de interior, onde o cinema era um dos lugares mais glamourosos e frequentados do lugar. Eu costumava assistir aos filmes na companhia do meu pai, um profundo admirador da Sétima Arte.

Em Baixa-Verde, minha cidade de origem, meu pai e eu fazíamos parte do público assíduo, aos filmes exibidos no Cine Planalto, cujo proprietário, José Augusto, era amigo dele. Lembro-me de que os filmes em películas, costumavam quebrar justamente nos momentos mais especiais. Mesmo assim, estes pequenos imprevistos não quebravam a magia envolvente que faz do cinema um ambiente especial e mágico.

Foi naquele cinema de interior que assisti aos filmes mais famosos de faroeste e aprendi a conhecer nomes importantes de artistas da época, como Raquel Welch, Florinda Bolkan, Giuliano Gemma, Charles Bronson, Clint Eastwood e muitos outros artistas admirados pelo meu pai.

À medida em que eu ia crescendo, aprimorava meu conhecimento acerca dos filmes e dos artistas que foram surgindo no cenário cinematográfico, de modo que foi na companhia do meu pai que assisti a clássicos como Titanic, Dançando com Lobos, Missão Impossível e muitos que lotaram as salas de cinema em Natal.

Com o surgimento dos aparelhos de vídeo, eu imaginei que a vida do cinema estava acabada. Afinal, eu imaginava que ninguém deixaria o conforto de sua casa para se deslocar até um cinema, quando podia assistir ao filme desejado no sofá da sala. Mas, eu estava enganada, graças a Deus. É inegável que as salas de projeção sofreram uma queda de público. Nem mesmo os considerados campeões de bilheteria conseguem lotar completamente os cinemas.

Atualmente existem uma grande variedade de formas para que os cinéfilos assistam seus filmes preferidos, sem sair de casa. Porém, é inegável a magia que envolve a criatura que se dispõe a assistir a um filme dentro de um cinema. Todo o ambiente parece meticulosamente preparado para nos levar a um mundo de magia e encantamento.

Tudo começa com o cheirinho da pipoca que está sendo preparada. O cheiro entra nas nossas narinas, invade nosso corpo e ninguém consegue resistir à tentação de entrar na fila para pegar a sua pipoca.

Já dentro da sala, a expectativa é grande para que as luzes se apaguem para começar a exibição dos trailers dos próximos filmes. Memorizadas as datas dos próximos filmes de nosso interesse, começa uma nova etapa. Àquela na qual somos transportados para a tela, a fim de vivenciarmos a experiência da história exibida. Tudo é envolvente neste momento, especialmente as trilhas sonoras escolhidas com profundo conhecimento. São elas que provocam os sentimentos mais variados nos expectadores. E eles passam pelo medo, alegria, tristeza e ainda existem aquelas capazes de fazer o público rir ou chorar.

Penso que o glamour que envolve o cinema jamais morrerá. Somente a magia do cinema para fazer qualquer criatura esquecer as dores, as contas a pagar, a traição do ser amado, enfim, nada como assistir a um bom filme dentro de um cinema e ainda comendo pipoca, para esquecer qualquer problema. A Netflix jamais acabará com o glamour que existe no cinema.

 

Cine Rio Grande