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O incrível caso do tumor que espreme os dedos

Articulista, expoente do Movimento Conservador no Acre, analisa um dos espetáculos mais deprimentes chancelado pelo Senado da República, no qual três delinquentes intentaram desmoralizar e incriminar sem sucesso o Presidente da República e pessoas de bem.

*Valterlucio Campelo

Desde que foi criada em 13 de abril deste ano, a CPI da COVID do Senado, liderada pela dupla Omar Aziz/Renan Calheiros, que dispensa apresentações, coadjuvada no que pode ser piorada pelo senador saltitante e outros da espécie vermelha, vem cumprindo o rito, previamente comprometido, de buscar por todos os meios incriminar o governo. Não havendo qualquer denúncia frontal contra o Presidente Jair Bolsonaro, se fez necessário através da uma Comissão Parlamentar de Inquérito, o mais poderoso instrumento de investigação do parlamento brasileiro, produzir molambos fáticos que preenchessem um boneco jurídico prévio, no caso, uma omissão ou algo que o valha em relação ao enfrentamento da peste chinesa.

Nos últimos meses, com direito a prorrogação, a sociedade brasileira foi diariamente afrontada com abusos cometidos contra depoentes que não deveriam estar ali e, nem de longe, poderiam esclarecer qualquer coisa a não ser as próprias percepções em relação à peste. Desde senhoras e senhores profissionais médicos renomados a empresários, qualquer depoente não alinhado com a frase mortal “fique em casa e espere a falta de ar” foi tratado como criminoso. Humilhar o cidadão ou cidadã em nível nacional, constranger, e impingir culpa sem razão seguiu um verdadeiro abecedário na CPI.

Já em vias de refinamento, a CPI de relatório de conclusões prontas antes de começar, obviamente vai incriminar o presidente. Também obviamente não há justa causa, mas não é de justiça que se trata, é de política. Pretendiam seus propositores e operadores atingir dois objetivos. O primeiro, desgastar o presidente no curso das investigações, fazer derreter sua popularidade com a assistência novelesca das TV’s e jornais, de modo que seu capital político sofresse danos relevantes. O segundo, pouco provável, mas em tese não impossível, seria arrancar algum elemento que desse base a um pedido consistente ao Ministério Público. Não conseguiram uma coisa nem outra, a popularidade do presidente continua alta e a credibilidade do governo permanece íntegra. Os senadores apenas mostraram a própria face.

É certo que a tarefa inglória somente poderia ser dada a certos agentes. Que outro grupo de senadores aceitaria uma missão dessas? É tarefa para Renans, Humbertos. Randolfes e Azizes e como tal foi cumprida. Cada imagem de pessoa decente e trabalhadora, flagrantemente desconfortável apenas em sentar-se perante suas excelências e ter que dar respostas que não lhes caberia, é reveladora da trama que se desenvolveu às nossas vistas.

O Brasil deve um enorme pedido de desculpas aos médicos e cientistas Dra Nise Yamaguchi, Dr.a Mayra Pinheiro, Dr. Paulo Zanotto, Dr. Mauro Ribeiro e muitos outros furiosamente questionados por aquela gente sem freios. Aliás, em sentido contrário, sempre que o/a depoente apresentava-se anti-governista, o tapete vermelho era desenrolado e as hienas se derramavam em cortesia e salamaleques. Simplesmente nojento.

Milhões de reais foram gastos no embuste para produzir um relatório definido ex-ante, pedindo o indiciamento do presidente Bolsonaro. Parece um escárnio, mas Renan Calheiros, o relator, aquele responsável pela peça resultante de meses de gastos e nojentezas públicas, tem um histórico em sua carreira política de mais de 25 processos no Supremo Tribunal Federal – STF. Corrupção, lavagem de dinheiro, distribuição de propina, tráfico de influência, venda de apoio parlamentar a projetos etc., são comuns em sua folha corrida. A maioria foi arquivada, diga-se, mas como se pode ver, Renan Calheiros é praticamente um freguês dos ministros “supremos”.

Omar Aziz, presidente da CPI, não fica muito atrás em matéria criminal. Reportagens dão uma pista dos antecedentes do senador amazonense e de sua família. O mais agressivo entre os interrogadores é um vezeiro em responder a acusações de crimes.

Outro integrante, o Senador Humberto Costa, do PT Pernambucano, tem a alcunha na lista de propinas apurada na lava jato. Ele teria, segundo o delator Paulo Roberto Costa, recebido uma grana do esquema para sua campanha em 2010.

O inquieto Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá, teria participado de um esquema chamado mensalão do Amapá, quando foi por lá deputado estadual. O governador Capiberibe teria copiado o Lula e distribuído mesadas mensais aos deputados da base em troca do sim em votações de seu interesse.

Pode-se então afirmar, pelo noticiário acima referido, que as quatro mais estridentes vozes que se levantam contra senhoras e senhores depoentes são, sem exceção, dignas de ecoarem sua verborragia em esgotos e sarjetas morais. Apesar disto, foram para cima dos depoentes como tsunamis de pureza, intimidando, agredindo, ameaçando, calando e interrompendo, transformando a CPI em um circo de horrores do qual escapou solenemente, o empresário Luciano Hang, que como um espelho, em ironia verde e amarela genial, mostrou a eles alguns palhaços. O “véio da HAVAN”, apenas com tolerância, discernimento e lucidez pôs ao chão o picadeiro.

Disse-me certa vez um delegado, que as técnicas de interrogatório funcionam como extirpar um tumor sem estilete. Você vê o tumor, sabe que é um tumor, ele pulsa quente entre seus dedos, mas a sujeira que tem lá dentro só sai se espremê-lo. De modo assombroso, na CPI da COVID foi o tumor que espremeu os dedos e, como era de se esperar, os brasileiros sãos viram aonde está a podridão