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O jongleur Antonio Francisco

Fundador de Navegos inscreve em série de leituras poéticas o cordelista mossoroense que deu ânimo novo a um gênero tradicional.

*Franklin Jorge

Antonio Francisco resgata e inova a poesia popular, encarnando no presente a figura do jogral que ia de feira em feira, de castelo em castelo, cantando e improvisando, divertindo e instruindo nobres e plebeus. Formado em História, vive em Mossoró, onde tem numeroso fã clube. Seus versos, publicados sob a forma de cordéis e reunidos em livros, vendem como água transparente e fresca

Conheci-o pessoalmente ao participar do seminário Bom Dia Sertões, mas já era um seu admirador, desde que li, pela primeira vez, uma de suas fábulas, por sinal, uma sátira à política de homens empenhados em lograr seus semelhantes e, como oportunistas, a tirar vantagem de tudo.

Animado por uma verve inesgotável, escreve Antonio Francisco com fluidez, pertinência e correção admiráveis. Ao contrário de muitos que se dedicam ao cordelismo, ele o faz ao mesmo tempo com engenho e arte, ao resgatar um gênero literário ilustre, enraizado numa tradição que remonta à Idade Média.Como um perfeito e hábil jongleur à serviço da educação popular.

Chama a atenção, nos versos de Antonio Francisco, a qualidade do que escreve, sem concessões a vícios de linguagem, o que o torna, de antemão, um clássico no gênero. Foi o que me fez seguir adiante. Depois, a originalidade e a precisão do que escreve, o que denuncia um criador embasado em variadas leituras. E, sempre, como um condimento precioso, a sátira, tão ao gosto do povo.

Patrimônio imaterial de Mossoró, Antonio Francisco põe em evidência a herança de Esopo, ao mergulhar no abismo da criação. Uma criação que nos enche de assombra, ao constatar a vitalidade de um gênero que muitos de nós supúnhamos morto ou agonizante. E que, manejado pelo talento do poeta mossoroense, revigora-se, alcançando a mais alta culminância.

Veja a seguir o vídeo em que o poeta interpreta A casa onde a fome mora, uma de suas obras mais conhecidas e aclamadas: