• search
  • Entrar — Criar Conta

O magistério não pode ser subalterno

Nós, professores, não somos uma categoria de terceira classe. Precisamos fazer o Rio Grande do Norte vivenciar a maior greve de todos os tempos.

*Alexsandro Alves

[email protected]

I.

Eu fico com vergonha disso. Sentimentos atropelados. Raiva. Mas é preciso.

Inicio assim esse artigo para que fique bem claro que me sinto mal escrevendo tais linhas. Meus amigos e minhas amigas da Educação, professores iguais a mim! O que a categoria ainda precisará enfrentar de depravação e desmandos contra a educação perpetrados pela senhora governadora e sua secretária? Até quando?

Nunca antes na história desse estado houve um governo tão mal contra nós, apenas o de Geraldo Melo, mas ele foi no século passado. No século XXI, Fátima Bezerra ressuscita os desmandos e as provocações do antigo governador do tamborete. Sabem aquela história do ICMS? Sejamos honestos com nós mesmos, chega de ter vergonha de encarar certas verdades. Nós sabíamos que a questão da governadora não pagar o que nos deve nada tinha a ver com o ICMS. Nós sabíamos mas fomos canalhas contra nós mesmos e aceitamos ir para a frente da Assembleia Legislativa no dia da votação do aumento do ICMS.

ICMS aumentou e imediatamente Fátima Bezerra ordenou um aumento para certas categorias do judiciário. ICMS aumentou e agora Fátima Bezerra concede aumento para a segurança. Ano passado, com o ICMS baixo, Fátima Bezerra concedeu aumento para auditores. Mas nós sabíamos que o ICMS em nada tinha a ver com aumento para o magistério. Por quê? Porque temos arrecadação própria. Mas nós, sem vergonhas alguma, embarcamos na conversa do SINTE, esse braço da governadora e embarcamos na conversa da governadora. Por quê? Porque somos fracos. Nós precisamos admitir isso, e assim encarar esse monstro que nos amedronta a cada ano, nós somos fraco e nós temos medo do governo, nós temos medo da justiça! Até quando?

II.

E até quando seremos assim?

Bem, nós precisamos encarar agora dois monstros. E agora? Esses monstros são o governo, na figura de Fátima Bezerra e de Maria do Socorro Batista e a justiça! Sim, o governo tem terceirizado a culpa e agora o culpado é a justiça. Essa justiça para quem o governo de Fátima Bezerra concede aumentos a cada ano! Lembrem-se que Fátima Bezerra dizia que a justiça é amiga dos patrões contra os professores. Será que a oprimida virou opressora? Está aí uma pergunta para a governadora e sua secretária. Elas tratam a nossa categoria com desdém. São arrogantes e nos desprezam. Apenas a nossa categoria precisa fazer greve, as outras nem greve fazem! Ela concede aumento para elas.

Quando iniciarmos a greve a secretária irá colocar a sociedade contra nós. Ela já fez isso. Maria do Socorro Batista já afirmou que precisamos pensar na sociedade. Que interessante e cruel, sobretudo por vir de uma mulher que já liderou contra o governo uma greve de 10 meses! Canalhice. Cinismo. Com que autoridade a grevista Maria do Socorro Batista fala isso contra nós? Com a autoridade do cargo! Ela não é mais professora, é secretária, ela não está mais no chão da fábrica, ela é opressora, agora. É o sonho do oprimido se tornar o opressor? Parece que Maria do Socorro Batista e Fátima Bezerra concordam.

E o SINTE?

III.

O SINTE tem se mostrado uma raposa com medo de tiro. Basta a justiça ameaçar bloquear os bens do SINTE que Fátima Cardoso irrompe contra a greve e atropela a consciência política que pensávamos que ela tinha. Com essas três mulheres unidas assim, a condução da greve deve ser nossa. Não podemos confiar no SINTE. Precisamos dele, mas sempre vigiando-o. Se a justiça ameaçar o sindicato, que ameace e que cumpra as ameaças. Nosso valor está em sermos respeitados e não em um sindicato. Sindicato construído e o maior do estado graças aos professores. Então o SINTE tem que fazer valer isso. Que o SINTE se despedace, mas a greve se preciso for que dure 10 meses! Antes o SINTE quebrado do que ele conformista e medroso. Enquanto categoria agora precisamos pensar EXCLUSIVAMENTE em nosso bolso, em nossa carreira e o no nosso bolso, nosso dinheiro, nosso direito. Nenhum trabalhador deve trabalhar se tem seus direitos negados.

A greve precisa ser séria, violenta e não podemos voltar atrás. Se a deflagramos que sejamos como a grevista Maria do Socorro Batista dos tempos de guerra. Que não tenhamos medo das ameaças dela e nem da justiça. Precisamos afirmar esse BASTA! com todas as letras. Venha o que vier, e virá.

Nós não podemos aceitar parcelamentos. Por quê? Porque não confiamos na governadora Fátima Bezerra. Ela já nos enganou. Se aceitarmos parcelamentos, somos uma categoria lixo. Depois vem a justiça e trava os parcelamentos.

Estão percebendo que a luta é violenta? Percebem que lutamos contra uma união nefasta da governadora e o judiciário? Não é mais apenas o governo. Fátima Bezerra ousou dar as mãos aos amigos dos patrões contra nós. Precisamos encarar isso: somos uma categoria que não importa muito. Somos uma categoria sem peso. Mas podemos nos tornar uma categoria que pode derrubar as pretensões autoritárias desse governo. Basta querermos. Se quisermos de fato, conseguiremos impor ante Fátima Bezerra e ante Maria do Socorro Batista a maior derrota da vida delas. Por favor, professores, não quero dizer que somos irrelevantes. Quero dizer que o status quo nos tornou irrelevantes. Mas podemos recuperar nossa moral.

IV.

A lei do piso garante que se o Estado não tiver condições, encaminhe um ofício ao Governo Federal justificando isso e assim o Governo Federal suprirá o que faltar. Por que Fátima Bezerra não faz isso? Por quê? Além disso, nos lembremos que a ela disse: “Brasília estará de portas abertas!” Sendo assim, não há motivo para não pagar o piso. Mesmo que o governo não tivesse de fato condições. Então, governadora, é simples. A greve está em suas mãos. A bomba é sua. A senhora terá que nos pagar; os retroativos de 2023, 2024 e 2025 e o piso de 2025. Isso não é um pedido. É um grito de guerra!

V.

Por fim, não sejamos moles. Não tenhamos medo. Que já tenhamos na cabeça isso: esse ano de 2025 é o ano em que não haverá ano letivo na rede estadual, caso a governadora e sua secretária permaneçam unidas na destruição de nossa carreira. Isso precisa ficar claro para nós. Que façamos o enterro desse governo. Amanhã todos de preto!