Alex Pipkin, PhD
É sábado. Fui caminhar. Muito frio na capital dos gaúchos.
Paro na sinaleira da Ramiro Barcelos com a Independência.
Numa banca de revistas, vejo e ouço três cidadãos conversando. Meu ouvido direito continua saudável, um aço. Não posso dizer o mesmo do esquerdo.
A conversa gira em torno das anomalias desse atual “governo para os pobres”.
Aproximo-me do grupo e peço licença para me intrometer, já me intrometendo.
Ato contínuo, afirmo: “desculpem-me senhores, mas acho que vocês não podem analisar essas “anomalias” com base em nosso aparato cognitivo racional. Vivemos uma realidade paralela, uma distopia, numa era da corrupção da verdade, dos fatos, do conhecimento e da lógica”.
Um dos senhores do trio, então, dispara: “tens toda razão; isso é papo para uma mesa de bar – não lembro se disse com cerveja ou vinho -, dando muitas gargalhadas”.
Triste, surreal, porém, a realidade tupiniquim vivida agora. Uma piada, objetivamente, de muito mau gosto.
Começo, trivialmente, questionando-me como um criminoso e ex-presidiário, condenado em várias instâncias da Justiça brasileira, com sobradas provas cabais, logra ter seus processos anulados e, ainda, tornar-se presidente da República, ou melhor, republiqueta.
Por que corruptos confessos, que afirmaram, ao vivo e a cores, que o ex-presidiário recebia fortunas em propinas, inclusive em espécie, devolveram dinheiro grosso para a União?
Sim, claro, eles adoram rasgar dinheiro e, provavelmente, adentraram a alguma seita humanitária.
É desolador que a grande maioria de nossa população seja incauta, esteja desesperada e, portanto, constitua-se em presa fácil para demagogos manipuladores.
Neste país verde-amarelo e vermelho, paraíso de instituições extrativistas, as “elites” podres continuam nadando de braçadas, roubando o suado dinheiro do povo trabalhador, e impedindo o crescimento econômico, social e cultural dos brasileiros.
O pior é que o povaréu vê, mas não enxerga!
A mentira, o despreparo, a safadeza e a maldade, a antimoral, o delírio e a ideologia do fracasso são, descomplicadamente, percebíveis, porém, o povo e seus representantes, num processo que mistura irracionalidade, magia e ilusionismo, dobram a aposta! Lunático.
Vejam, por exemplo.
Matemática singela. Não se pode gastar mais do que se arrecada.
Especialmente, desde o governo da president”a” Dilma, as despesas do governo superavam em muito as receitas. Resultado: aumento da dívida pública. Caos em verde-amarelo.
Como um instrumento de freio a gastança do dinheiro do contribuinte, estabeleceu-se o teto de gastos, em que não pode haver crescimento real de despesas do governo sem a correspondente receita.
Nesse instante que meus dedos digitam, imagino algum homem, mulher ou alguém pertencente ao grupo LGBTQIA+, aqueles da área da cultura, por exemplo, que tiveram em suas formações uma base sólida em economia e gestão, acompanhando meu raciocínio, pensar e/ou me qualificar como um “extrema direita” – risos meus – sem coração, sem piedade do povo tupiniquim, tão necessitado de saúde, de educação, e de programas assistencialistas.
Perdoem-os, eles são sabem o que dizem!
Deve-se, claro, investir em saúde, educação, e em programas sociais inteligentes, não em populistas e eleitoreiros, uma vez que se cortem despesas e privilégios nababescos desse Estado mastodôntico e ineficiente.
A verdade em relação a melhoria de vida dos cidadãos, comprovadamente, passa pela redução do Estado, por uma tributação justa, deixando a riqueza criada nas mãos dos geradores desses recursos. Simples assim.
A verdade é trivial: Estado grande, é fonte inesgotável para a festa com o dinheiro do contribuinte, incremento da dívida pública, com o correspondente aumento dos juros, e a alegria irrestrita de rentistas, e a turma mancomunada com a “elite” – repito, podre – política.
A verdade é singela. Todo mundo – dotado de um resquício de discernimento – viu, transparentemente, o que acontece quando os governos petistas intervêm nos mercados, destruindo o sistema de preços, a fim de beneficiar compadres e se locupletar. As campeãs nacionais, financiadas com o dinheiro do BNDES, transformam-se em doce fonte de corrupção e de ineficiência operacional.
O dinheiro é da população, que deveria saber que seus recursos irão para festas, orgias, lagostas e vinhos finos premiados, mas eles veem e não enxergam. Dobra-se a aposta. Realidade paralela.
Se fizermos qualquer pesquisa no Brasil, provavelmente, seu resultado apontará que os brasileiros odeiam os políticos. Sim, claro, mas como adoram o Estado!
Sinto em reafirmar o que já foi dito muitas vezes: esse não é um país sério.
Têm-se vivenciado um filme hithcockiano e/ou uma comédia pastelão.
Os sujeitos que pensam reflexivamente não conseguem compreender quase nada, caso para a psicanálise.
O povo brasileiro continua acreditando no impossível, e se prejudicando.
O governo não dá nada, ele é um exímio tirador do dinheiro do povo, uma trivial verdade.
Evidente que o trabalho “cultural dos justiceiros sociais” tem feito um estrago profundo.
É muito difícil… os brasileiros querem terceirizar suas responsabilidades para o Estado “salvador”.
Dizem que a verdade sempre aparece, tomara.
Essa é fácil: são as pessoas, com seus objetivos e planos de vida, relacionando-se e cooperando com outros indivíduos, aqueles que alcançam seus próprios propósitos.
A prosperidade é alcançada pela iniciativa das pessoas, não do engodo do Estado “salvador”.
Será que esse “mundo paralelo”, das emoções e do lado negro do sentimentalismo, terá um breve fim?