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O mundo que não se enxerga

Doutor em Administração e Marketing pela UFRGS, escritor e Vice-Presidente da Federasul, Colaborador de Navegos escreve sobre um mundo que progrediu cientificamente e empobreceu culturalmente.

*Alex Pipkin, PhD

Laranja é laranja; limão é limão.

Se quiseres ver uma laranja mais verde ou limão amarelado, sem problemas! O que importa pra mim é o suco, bom. O que genuinamente conta, são pensamentos pensados e ditos.

Evidentemente, com razão.

Que mundo! Faltam e abundam intelectuais. Faltam aqueles que pensam sobre laranja, limão, pera, para melhorar, utilmente o mundo. Abundam retóricas supostamente inteligentes, rebuscadas e estéticas que não servem para nada; isso mesmo, nada!

O mundo de hoje está repleto de jovens que querem viver “por procuração”, gozar sem sofrer, pensar que são sem pensar profundamente, e ascender sem obrigatória caminhada.

Ah, como são amplas e variadas as janelas para quem já esteve lá fora fazendo; como são estimuladoras e transformadoras! A experiência nos permite enxergar um erro quando o cometemos novamente…

Pois é, mas o mundo de hoje está cheio de leitores de orelhas de livros e de consultores com um ou dois anos de experiência empresarial, querendo ditar regras para estudiosos e viajantes grisalhos.

O mundo de hoje é contra quase tudo e todos, ressentido – algumas vezes até com razão – mas sem arrazoamento para dizer.

O mundo de hoje progrediu cientificamente e empobreceu culturalmente.
Grande parte do mundo que deseja liberdade – sem racionalidade e sem responsabilidade – e que pensa ser livre, está preso na mediocridade, no doce e sedutor “mundo fácil” do agora.

Que mundo complexo, em que não se enxerga aquilo que está na frente da face!

Paradoxal; ao mesmo tempo só se desejam os prazeres do imediatismo daquilo que está na frente.

O ser humano, embora possua a distintiva capacidade cognitiva para enxergar e planejar o adiante, padece de racionalidade.

Só tem mirado o umbigo, e o deleitável viés do presente, sempre abastado de recompensas de curto prazo em vez de colheitas mais produtivas no longo prazo.

Não, não sou saudosista, mas que mundo é esse?