*Da Redação
Um fenômeno vem tomando já há algum tempo as redes sociais que dialogam com a cultura pop: é a emergência de certo tipo caricato que clama pela família enquanto crítica negativa sobre o cenário pop atual.
O que essa gente, geralmente homens, querem?
Vamos antes definir esse homem que fica emocionalmente perturbado com o que ele diz ser um ataque à família.
Homens de meia idade, com seus 40 anos, frequentadores dessas novas barbearias – trazem na face as barbas longas bem tratadas; quando não são frequentadores dos salões azuis, são modelados artificialmente por doses cavalares de whey protein na ânsia anormal e narcisística por um corpo que se assemelhe a uma versão bombada do Stay Puff:
E o mais gritante, homens adultos que levam seus hobbies de infância a sério. Essa geração masculina que se perdeu nas brincadeiras enxerga sua infância como o ápice da existência humana! Daí frases como acabaram com minha infância quando assistem a uma versão nova de algum DESENHO ANIMADO da década de 80, anos em que eram guris.
Essa caterva está detonando o filme da Barbie. Será que esses homens, na infância, brincavam com a boneca? Se não, por que criticam? A mulher, que quando menina brincava, que fale com mais propriedade, ao invés de marmanjões barbados caricatos clamando é uma destruição da família.
Cresçam. Vai lhes fazer bem. Imagino que já está na hora. Aliás, já passou da hora.
E me causa enjoos esse mantra da família. Esses marmanjões brincavam de Comandos em Ação, com personagens femininas cujas roupas não vestiam, rasgavam o ânus, e vêm falar agora de preservação da família! Marmanjões que se masturbavam vendo a falta de roupa de Vampira e Arlequina?
Senhores quarentões que veneram seus brinquedos infantis: a cultura pop também é feminina! Mas quantas vezes o cinema retratou de forma caricatural a mulher? Seja como motivo de risos, seja como motivo sexual, quantas vezes? Vezes sem fim! Elas sempre foram objetificadas. Porém isso sempre foi e é visto com naturalidade.
Barbie está desnudando de rosa o universo masculino, o tom do filme é de deboche contra o homem, deboche que invade a territorialidade masculina e debocha de nossas percepções de mundo ao nível da caricatura!
Nietzsche sempre afirmou que há uma guerra entre os sexos. E há. Mas a concórdia é o riso.
Relaxem! Se permitam ser invadidos pelo rosa da Barbie. É ótimo! (eu acabei de digitar “Barbie” no Google e o resultado veio acompanhado de uma tela rosa com fogos de artifício rosas!, amei!).
Nessa edição de Navegos, os colunistas e seções (clique nos nomes para ir direto ao artigo): Alexsandro Alves aqui e aqui, Edek Kowalewski, Da Redação sobre o Festival de Bayreuth e Calle del Orco. Desfrutem.