*Jose Vanilson Julião
Muito já se escreveu sobre o decantando “causer” José Antonio Areias Filho, alvo de livros ou artigos e ensaios que podem ser encontrados na internet. Mas até hoje ninguém se debruçou sobre a família. Nesta abordagem se tenta verificar quem era o pai dele, do qual herda nome e profissão.
O torcedor do ABC Futebol Clube, daqueles de apostar, nos tempos do Estádio Juvenal Lamartine, é praticamente dissecado no livro “Sátiras e Epigramas”, de Veríssimo de Melo, lançado após a morte do personagem (31/1/1972) e relançado mais duas vezes (1979 e 1982).
O escritor o classifica como “humorista nato, improvisador excepcional e satírico”. Quem também o abordou foi o jornalista Paulo Augusto: “O Bufão de Natal” (Sebo Vermelho – Coleção José Nicodemos de Lima). Carlos Alberto de Oliveira, com base na primeira obra, lança uma história em quadrinhas (2013).
O pai
Dez anos antes do nascimento do filho o nome aparece pela primeira vez na “A República” (edição 140 – 1/11/1891) no abaixo assinado em favor de José Pegado Cortez: “Sob honra pessoal que o cidadão tem boa conduta moral e civil, nunca constando que tenha feito distúrbios ou que se tenha embriagado, sendo falsas as atribuições injuriosas que lhe são feitas em uma parte da polícia, publicada no periódico ‘Rio Grande do Norte’ de 25 deste mês (outubro)”.
Entre os 72 signatários: Antonio Bento de Araújo Lima (senhor de engenho), Juvino C. Paes Barreto (industrial), Fabrício Gomes Pedrosa (industrial), Augusto Severo de Albuquerque Maranhão (aeronauta), Joaquim Ferreira Chaves Filho (magistrado), José Antonio Areas, Afonso M. de Loyola Barata (médico), Juvenal Lamartine de Faria (futuro presidente do Estado) e José Bernardo de Medeiros Filho.
A segunda aparição aparece no mesmo periódico (edição 190 – 5/11/1892) na transcrição de notícia do jornal O CAIXEIRO sobre moção do restabelecimento do advogado Braz de Andrade Mello, um dos signatários um ano antes do mencionado abaixo assinado, “há pouco chegado de Angicos, alvo de brilhante manifestação”.
Na ocasião comissão composta pelos cidadãos ofereceu almoço para 50 convidados no “Hotel de Londres”, entre eles o governador, o intendente municipal, representantes do Exército e da Armada, além de comerciantes, industriais e artistas, como se costumava chamar os profissionais autônomos, entre os quais o barbeiro pai.
Este “Hotel de Londres” certamente era estabelecimento conceituado, onde se alojavam viajantes e temporários em serviço, como um representante da companhia de seguros “A Equitativa”.
Era, inclusive, o endereço citado de certos missivistas ao jornal. A pesquisa indica que funciona até o ano seguinte e na virada do século XIX para o XX já não existe. Enquanto persiste o Hotel Internacional.
O nome provavelmente vem do espanhol, precisamente da região da Catalunha. O filho recebe a corruptela Areias. Somente quatro anos e nove meses depois reaparece no jornal fundado pelo médico e republicano Pedro Velho de Albuquerque Maranhão (quinta-feira, 1/8/1907), com uma publicidade da Barbearia Comercial.
Na ocasião Areas, pai, “reaparece recentemente chegado do norte, tendo assumido a gerencia daquele bem montado estabelecimento, vem prevenir aos seus velhos fregueses e ao público em geral que pode ser procurado a qualquer hora do dia, e a noite, até 8 horas, na Rua do Comércio, 85, vizinho do estabelecimento dos senhores Alves & Companhia.”
O reclame é repetido da edição 159 a 165 no nono ano da publicação uma semana depois (8/8). Total: cinco propagandas.
FONTES
A República
Tribuna do Norte
Direitos Humanos
Histórias nos Detalhes
Zin