*Reynivaldo Brito
Por anos a fio ele sustentou uma oposição aos Brito, antes faziam a política juntos, mas por alguma razão ainda não muito clara decidiu romper e seguir outros líderes partidários. Rompeu inclusive com seu irmão que acabara de ser eleito deputado estadual Oliveira Brito e seu cunhado José Domingues Brito e Silva, o Ferreira Brito. Trata-se de Paulo Cardoso Oliveira Brito, seu Cardoso, isto mesmo irmão de Oliveira Brito, o ex-Ministro, das Minas e Energia e da Educação no Governo de João Goulart, nome mais proeminente da política da região nascido em Ribeira do Pombal, com vários mandatos na Câmara Federal e uma figura de destaque na política nacional. Assim, seu Cardoso passou a ser o líder dos chamados bocas pretas que seguiam o então Interventor da Bahia, o general Juracy Magalhães, um dos mais eminentes próceres da União Democrática Nacional- UDN, que durante o regime militar chegou a ser Chanceler do Brasil. Quando nomeado Interventor, era tenente do Exército, e fora um dos articuladores do golpe que acabou no Brasil, com a chamada República Velha. Os seguidores do Partido Social Democrático – PSD eram chamados de bocas brancas.
Política divide família – Continua Nilson Brito em seu depoimento dizendo que “nesta época existiam alguns partidos: União Democrática Nacional – UDN era dos Pinto Dantas, de Itapicuru, Bahia ; Partido Social Democrático-PSD , fundado em 1945, tinha como líder regional o Coronel João Sá , de Jeremoabo, e era o mesmo partido de Oliveira Brito ; já o Partido de Representação Popular – o PRP reunia os integralistas que vestiam camisas verdes e seguiam o líder político de Serrinha, Bahia, Rubem Nogueira ; o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB era o de Getúlio, e o líder aqui chamava-se Manoel Américo Passos, e o partido comunista não conseguia registro . Se tinha mais outro partido não lembro”. Nilson Brito relatou que seu avô, chamado de coronel Brito ou de Velho Brito, proprietário daquele belo sobrado que infelizmente foi demolido, “mandou meu pai e seu irmão Oliveira Brito para estudar perto de Tobias Barreto, que tinha uma escola boa. Quando concluiram o primário, saíram daqui a cavalo até a cidade de Rio Real onde pegaram um trem para ir para Salvador continuar os estudos. A nossa região era muito atrasada. Oliveira Brito sempre querendo estudar Direito e meu pai insistia em seguir a carreira militar. Ele tinha mania de querer ser militar. Mesmo quando voltou para cá e fazia política não fazia questão de ser prefeito. Meu pai só queria ser Intendente que era o que equivale hoje a prefeito. Naquela época o cargo de Intendente era uma espécie de magistrado da polícia. Ribeira do Pombal não tinha comarca e o Intendente era juiz, promotor e o mandante da força policial. Quando Getúlio Vargas ganhava Manoel Américo Passos nomeado Intendente, que era do Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, partido fundado pelo caudilho gaúcho. Quando veio a redemocratização meu pai era o Intendente, cargo que foi extinto passando a ser chamado de delegado de polícia. ”
Prossegue Edson Passos Brito dizendo que “certa vez perguntou a seu pai Paulo Cardoso de Oliveira Brito por que ele fazia questão de ser delegado, já que ficou nesta função por mais de dezoito anos, em períodos diferentes. Daí em diante ficou na oposição. Ele me respondeu que precisava ocupar um espaço na sociedade e na política, e a forma que encontrou foi sendo delegado de polícia. “Mas, seu irmão Edson Passos Brito me revelou uma versão plausível. Disse ele que ” conversava muito com meu pai que foi Intendente com apenas 22 anos de idade na ocasião em que Lampião chegou em nossa Cidade, em 1928. Ele recebeu Lampião e seus cabras no sobrado dos Brito, onde morava. Já em 1940 era novamente Intendente, e se afastou para Ferreira Brito ser candidato. Depois a família não o apoiou como tinha acertado. Neste acordo ficara combinado que ele apoiaria seu irmão Oliveira Brito para deputado estadual e a família apoiaria seu compadre e candidato a deputado federal Dedé Guimarães. Meu pai cumpriu o acordo apoiando seu irmão Oliveira Brito que foi eleito, mas a família se juntou aos integralistas, que antes eram contra. Aí ele se revoltou, e a partir daí virou oposição.” Estávamos nos anos 1950 quando os Brito e os integralistas elegeram para prefeito José Leôncio Chaves que governou de 1951 a 1955.Continua Nilson Brito “sempre tive vontade de juntar Nilton Brito, meu irmão, que infelizmente faleceu, e Hélio Brito, que hoje está enfrentando um problema de saúde, para que eles contassem o que realmente aconteceu que gerou este desentendimento entre meu pai e o grupo de seu irmão Oliveira Brito. Tenho comigo uma ata onde meu pai renuncia à seu cargo de Intendente para que seu cunhado Ferreira Brito se candidatasse, senão não poderia ser candidato. Daí em diante sei de toda a trajetória. Gostaria de fazer um memorial contando toda esta saga.”
Afirma ainda Nilson Brito “que a minha trajetória política não foi fácil. Sempre segui o meu partido votando nos cunhados da família Bacelar e nos candidatos do grupo até hoje.” Lembro que lançamos Dr. Décio de Santana como candidato a prefeito e ganhamos, fizemos 80% da Câmara de Vereadores e Ferreira Brito não teve coragem de se candidatar. Teve uma influência de sua tia Maria Perpétua, Santinha, que o incentivou a se candidatar enquanto ele relutava. “Já Nilson Brito relembra da atuação política dos integralistas Antônio Nascimento, Moisés Fonseca, Evandro Costa; Terezinha Ferreira Costa, a Tela Borges; Leopoldo Borges, Salvador Costa e Joaquim Costa, dentre outros. “Era um grupo forte que combateu meu pai. O curioso é que muitos deles moravam na mesma rua de pai, a Rua do Capim, eles conseguiram derrotá-lo. Depois se uniram a meu pai apoiando a candidatura de Antônio Nascimento, quando foram derrotados por Ferreira Brito.”
Lamenta Nilson Brito a morte de dr. Décio de Santana que logo depois de ser assaltado em seu sítio veio a falecer. “Infelizmente ele morreu antes de batizar minha filha.” Concluiu Nilson Brito dizendo que “sou político, mas não brigo com adversário. Gosto de conversar, contar história e de ser pacificador.”
Disputas e controvérsias – Um dos seguidores do grupo de seu Cardoso é o comerciante João Alfredo Bitencourt, de 76 anos, que desde jovem se envolveu na política acompanhando o seu pai Alfredo Almeida Bitencourt, que era seguidor dos bocas pretas. Diz ele que “ainda na década de 50 era adolescente e conheci seu Cardoso através de meu pai. Naquela época ele era um dos chefes políticos e comandava o partido União Democrática Nacional – UDN. Garoto ainda acompanhava esses passos.”
E continuou ” Em 1966 Cardoso estava mais velho, aí entraram outros membros da sua família, e Nailton Brito se candidatou a vereador e votei nele. Foi quando Pedro Rodrigues da Conceição foi o candidato escolhido por Ferreira Brito, e terminou sendo o candidato único. Depois nós da UDN voltamos para a oposição. Ai eu já estava mais ativo, com Kleber Morais, filho de Antônio Nascimento, e outros continuamos. Ele fez uma boa gestão para a época. Veio 1970 aí Nilson Brito estava forte, mas sem base para se candidatar a prefeito. Criou-se a candidatura de dr. Décio de Santana através dos estudantes e outros segmentos da sociedade pombalense, e contou com a simpatia de políticos tradicionais. Aí o grupo político de Pedro Rodrigues e Ferreira Brito terminou rendendo-se à candidatura de dr. Décio de Santana, que foi o candidato único. Houve um acordo meio confuso para dividir o mandato com Nilson Brito, que governou de 1970 a 1972.”E continua: ” Meu pai era também muito amigo de Ferreira Brito. Quando me tornei adulto continuei envolvido na política através de seu filho Nilson Brito, que foi candidato a vereador em 1962, quando dei meu primeiro voto. Votei no Nilson, embora não tivesse aproximação com ele. Foi o vereador mais votado. Nilson é muito jeitoso, habilidoso. Na época segui a UDN. Aqui era muito difícil ser oposição porque tinha a liderança de Oliveira Brito e Ferreira Brito que eram muito fortes. Tinham o poder nas mãos. Porém, sempre com a liderança de Cardoso Brito e depois de Nilson Brito, e com a ajuda da minha professora Maria Amélia Passos Brito, que era adepta de Cardoso fomos em frente. Votei em Lomanto Junior para Governador e para prefeito em Cledionor Ferreira Rocha, o Nozinho, que foi uma espécie de anti-candidato. Fomos derrotados”
Prossegue João Alfredo “chegando ao poder dr. Décio de Santana ligou-se muito a Nilson Brito e à sua esposa Lúcia Bacelar, que foi ser a Secretária de Educação do Município, fortalecendo o grupo de Cardoso Brito.” Ressalta João Alfredo “pense numa eleição disputada entre Nilson Brito, pela UDN, e Ferreira Brito, do PSD. Disputei a primeira eleição de vereador. Banzaê pertencia a Ribeira do Pombal. Praticamente me elegi na Mirandela que era o reduto de meu pai. Nilson Brito perdeu a eleição para Ferreira Brito que tinha uma forte ligação popular. Nilson Brito e eu fomos para a oposição. Fizemos uma bancada de 7 entre os 13 vereadores, e ficamos com a Presidência da Câmara quando foi eleito dr. Hélio Brito Costa, que fez um grande trabalho na Câmara. ”
Amizade duradoura -O comerciante e político João de Alfredo fez questão de ressaltar que ” foi amigo pessoal de Paulo Cardoso. Lembro que tinha um comércio na Rua Presidente Kennedy, a gente sentava e conversava sobre os mais variados assuntos. Era um homem sério, honesto e de pouco falar. O legado dele foi muito importante para esta Cidade. ”
Diz ainda João Alfredo Bitencourt que ” não tinha tradição política. Assim, fui me envolvendo e conheci Ferreira Brito, sendo candidato a vice-Prefeito na chapa de Edval Calazans, em 1976. A chapa vinha toda da Mirandela e desagradou alguns pombalenses. Foi uma eleição terrível. O candidato do outro lado foi Pedro Rodrigues da Conceição, que tinha feito um trabalho bom na Prefeitura e Antônio Bernardo como vice. Conseguimos ganhar por noventa e poucos votos. A política é danada, eu ainda novo e inquieto terminei logo, logo indo para oposição. O mandato foi prorrogado até 1982. Nesta época a oposição estava forte e formamos um grupo independente com Nelson Gonçalves, médico benquisto, Antônio Rodrigues dos Santos, o Tota Santos; Antônio, da Passos Nobre; João Batista da Silva, o Zito da Cachaça; José Alves da Silva, o Mendonça; Salustiano Barreto de Mendonça, o Salu; José Martins Carvalho, o Zé Bagaço; Antonino Ferreira Nobre, o Vandinho; e terminamos indicando o candidato a prefeito. O candidato que tinha voto era Nilson Brito e no acordo decidimos por Pedro Rodrigues, que não tinha dinheiro nem voto, mas era bom recebedor de votos. Nilson Brito mostrando sabedoria política apoiou e saiu como vice prefeito para enfrentarmos Ferreira Brito, que veio com seu filho José Renato na vice. Eu saí candidato a vereador, Tota Santos também. Fui eleito vereador, o mais votado, e a seguir por unanimidade Presidente da Câmara dos Vereadores. Terminei voltando para oposição, depois de Tota Santos arranjar umas encrencas por lá,” conta rindo João Alfredo disse que tinha uma história para contar. Vejam: “Já garoto por volta de 1957 a 1958 meu pai se envolveu numa disputa de terras na Mirandela, e o caso terminou na delegacia onde seu Cardoso era o delegado. Quando meu pai chegou, ele o abraçou, amigo que era dele. Aí disse: “Alfredo fique tranquilo eu sou amigo dos meus amigos. E você é um deles”. Eu tinha por volta de uns 10 anos e foi uma das coisas que me fez ter amizade e gratidão a Cardoso Brito. Me criei assim e continuei seu amigo até ele falecer.”
Lampião na cidade – No dia 17 de dezembro de 1928 a Cidade de Ribeira do Pombal ficou em alvoroço com a chegada de Lampião e mais sete cabras, passagem registrada nesta foto famosa tendo ao fundo a igreja matriz de Santa Tereza D’ávila, padroeira da cidade cuja foto foi feita pelo maestro e alfaiate Alcides Fraga. Quando a gente observa a foto com mais atenção vemos pessoas em frente as suas casas olhando tranquilamente o bando sendo fotografado. E continuou o seu depoimento ” Em 1985 morre Ferreira Brito ai muda tudo no quadro político de Ribeira do Pombal. Estávamos na oposição e nos aliamos a José Renato. Votamos em Waldir Pires, e saímos vitoriosos. Quando chegou em 1988 estávamos na oposição e Nilson Brito seria o candidato. Com a chegada do filho de Edval Calazans, que tinha sido prefeito, Edvaldo Cardoso Calazans, o Dadá, que chegara de Aracaju, Sergipe, criou um impasse e impôs a sua candidatura. Não aceitamos a imposição do Dadá e aí saímos candidatos, inclusive com Nilson Brito e eu como o vice. Éramos nesta época inimigos políticos, mas fizemos um acordo. Houve resistência do grupo de Nilson, mas finalmente fizemos o acordo e saímos para a disputa. Ganhamos a eleição contra o dr. Nelson Gonçalves, que tinha ganho a disputa com o Dadá para sair candidato. Fizemos 10 vereadores e coloquei meu filho José Augusto como candidato a vereador, sendo eleito. Ganhamos folgado para o médico Nelson Gonçalves. Fiquei honrado em você me escolher para falar de Cardoso Brito”.
O fotógrafo Alcides Braga era também o maestro da Filarmônica XV de Outubro. Segundo meu amigo o jornalista e historiador Oleone Coelho Fontes autor do livro Lampião na Bahia, o cangaceiro foi bem recebido e chegou até a comer cuscuz de milho com seus capangas no sobrado dos Brito. Esta cortesia dos pombalenses na época irritou as autoridades baianas que estavam no encalço do bandoleiro.
Esta versão foi complementada por Nilson Brito, filho de Paulo Cardoso, dizendo que “o mensageiro de Lampião bateu na porta do sobrado dos Brito por volta das 6 horas da manhã. A porta foi aberta pelo mordomo, cujo nome ainda não consigo lembrar, era um homem negro e forte, e a exigência é que o Intendente mandasse recolher os policiais (macacos), como Lampião os chamava, que ficavam na cadeia pública localizado nas imediações da pensão de Pedro Tibúrcio, portanto, próximo do sobrado dos Brito. Os policiais receberam orientação de ficarem quietos. Lampião e seu bando tomaram um farto café com cuscuz de milho, ovos fritos e outras iguarias.”
Paulo Cardoso de Oliveira Brito ainda era o Intendente, e teve que negociar pela segunda vez com Lampião. Depois de tirar aquela foto e seguir viagem meses depois Lampião retorna e ficou acampado no Tabuleiro entre Pombal e Tucano, e como de costume mandou seu mensageiro avisar que estava necessitando de uma certa quantia em dinheiro. Foi feita uma arrecadação entre os moradores mais abastados, não foi a quantia que ele queria, mas Lampião aceitou, e seguiu viagem.” Esta negociação que não se sabe exatamente os termos evitou qualquer problema “, confessa Nilson Brito.
Lampião já conhecia o coronel Brito, que tinha uma fazenda nos Troncos, município de Cícero Dantas. Lampião tinha na região os pontos certos para se abastecer de produtos de primeira necessidade, também de bebidas e dinheiro.
Paulo Cardoso de Oliveira Brito, nasceu em Ribeira do Pombal em 4 de maio de 1906 e faleceu em 28 de outubro de 1995. Era filho de Antônio Ferreira de Brito (o coronel Brito) e Evência de Oliveira Brito, também falecidos. Era casado com d. América Passos Brito, nascida em 19 de fevereiro de 1912 e faleceu em 4 de janeiro de 2003. Tiveram onze filhos a saber: Domingos Nilton Passos Brito e Nilza (falecidos), Nailton, Paulo Américo, Nilson, Nadilza (falecida) , José Naydson (falecido) Edson, Nathan, Dilson e Maria Iranice Brito Caribé, e no seu segundo relacionamento José Adilson Alves Feitosa. Atualmente como descendentes a família de Paulo Cardoso e d. América Passos Brito têm: onze filhos, 33 netos, 50 bisnetos e 5 tataranetos.
Da última vez ele tornou a avisar que iria entrar na Mirandela, mas um tenente que estava sediado no povoado com alguns soldados da polícia baiana, tinha arrregimentado uns voluntários e estavam bem armados. O tenente mandou dizer pelo emissário de Lampião que “não tinha acordo não, e que bandido ia ser recebido à bala”. Houve um intenso tiroteio com os policiais e o pessoal entrincheirado, e um policial chamado de Manoel Amaral foi atingido no joelho. Amparou-se numa casinha e ficou gemendo de dor. O bando já tinha assumido o comando do povoado. Aí arrombaram a porta e acabaram de matar o policial. Entre os voluntários que enfrentou Lampião estava Pedro Brasil Góes, falecido, que era irmão do dono da bodega onde Lampião farreou da primeira vez que esteve na Mirandela.Mortes na Mirandela – O chefe do Cangaço e seus cabras estiveram por duas vezes no povoado de Mirandela. Contava Alfredo Almeida de Bitencourt, falecido, pai do comerciante João Alfredo Bitencourt, “que da primeira vez eles beberam, farrearam e comeram na bodega de Saturnino Góes, pagaram pelos alimentos que levaram e também as bebidas que consumiram. Não mexeram com ninguém. Era um dia de Natal. Antes de chegar tinha mandado um portador avisar que estava chegando, e sempre quando ele entrava vinha com um lenço branco amarrado num galho de árvore carregado por um dos cangaceiros.”
O morador Geremias de Souza Dantas, conhecido por seu Neco, que era o pai de Orlando Rodrigues de Souza, seu Vivi, veio de lá meio chapado, estava bebendo, e saiu delirando. Aí um dos cabras de Lampião desferiu apenas um tiro que o atingiu e veio a falecer.
Quando se preparou a reação contra Lampião, conta João Alfredo Bitencourt uma história engraçada que seu pai ” não quis participar como voluntário, e foi para Barra dos Cachorros distante dois quilômetros do povoado. No caminho lembrou de uma panela de feijão que tinha deixado no fogo, e voltou pra pegar pelos fundos da casa. Ele e um irmão ficaram o dia inteiro no mato e depois que tudo cessou voltaram em paz. ”
Maestro e alfaiate – É bom relembrar que o alfaiate e maestro Alcides Braga ao fotografar Lampião e seu bando e divulgar aquela foto, que é a única feita na Bahia enquanto Lampião era vivo, ficou com seu nome marcado pelos cangaceiros e a polícia.
Por uma coincidência ruim Alcides Braga foi abandonado pela mulher Rita de Cássia Cunha Braga que fugiu para Ilhéus com o novo companheiro levando os dois filhos do casal. Com isto a paixão por Rita de Cássia, que chamavam de Morena, o levou à ruina e se entregar ao álcool. Conta Sílvio Leone, que no final da vida vivia de realizar pequenos serviços como fazer bainhas de calças e pregar botões nas peças que outros alfaiates confeccionavam. Outro que sofreu represálias foi o vigário Zacarias Mato Grosso que servira de cicerone para evitar qualquer conflito de Lampião com os pombalenses.Logo após a foto Lampião e seus capangas foram levados de carro, que segundo relatos pertencia ao padre, Edmundo do Cumbe para as bandas de Cícero Dantas, dirigindo por um cabo, que certamente não se identificou como militar. Depois Lampião e seus homens foram para o Estado de Sergipe. O autor da foto passou a ser inquirido pela polícia e também Lampião dias depois foi atacado no povoado de Abóboras, no município sergipano de Salgado, e um de seus cabras o Mergulhão foi morto. Daí Lampião achou que teria sido o Alcides Braga que abriu o bico e prometeu matá-lo. Com essas ameaças ele saiu de Ribeira do Pombal onde tinha sua alfaiataria e era maestro da Filarmônica XV de Outubro, e foi morar em Caldas de Cipó onde montou sua alfaiataria e dirigiu a filarmônica local. Consta também que já tinha morado em Nova Soure.
NR – Agradeço a Hamilton Rodrigues por sua dedicação em colher depoimentos e em fotografar os personagens, e aos entrevistados, bem como a Dilson Brito por ter enviado algumas fotos e informações incluídas neste texto.