Nadja Lira
O sistema capitalista no qual estamos inseridos especifica um valor para cada coisa com que precisamos lidar no dia-a-dia. Tal qual o rei Midas, tudo o que tocamos tem seu valor medido em ouro. Desse modo, existe um preço para tudo neste mundo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo nesse mundo, aliás, custa muito caro, uma vez que tudo é taxado de acordo com a lei da oferta e da procura. E tudo custa “os olhos da cara”.
Para nascer, por exemplo, é preciso pagar um alto preço. Especialmente quando as mães optam por ter seus filhos através de Cesarianas. Nascer, portanto, está pela “hora da morte” e o valor já é tão alto que, por não poder pagar o preço, muita mulher está parindo seus rebentos em qualquer lugar: dentro de ônibus, nos bancos das praças e até nas calçadas das maternidades, cujo interior seria o local mais indicado para uma pessoa chegar ao mundo.
Mas para morrer também não é barato. O valor pago para que alguém tenha direito ao descanso eterno pode chegar a uma verdadeira fortuna. Tudo vai depender da mordomia pela qual a família do morto estiver disposta a pagar. E com um agravante: tudo também vai depender do quanto o morto foi querido e quanto vai deixar de herança para seus sucessores.
A morte, inegavelmente, transformou-se em um comércio onde o faturamento é crescente ao ponto de os “papa-defuntos” travarem verdadeiras guerras diante dos hospitais e necrotérios, para faturar com a morte alheia, não demonstrando o menor constrangimento com a provável dor dos descendentes do morto.
Mas que ninguém se engane, porque no intervalo entre nascer e morrer também não existe gratuidade. A palavra de ordem enquanto todos estão vivos é CONSUMIR. A prova disso pode ser testemunhada através da velocidade com que as pessoas desse nosso mundo capitalista trocam de aparelho celular. Mal saem da loja, o aparelho comprado já está obsoleto e mesmo sem apresentar qualquer defeito, já se faz necessário adquirir outro mais moderno. Até porque a vida útil de um aparelho celular não ultrapassa quatro anos de uso. As fábricas são muito criteriosas neste ponto.
Ora, o aparelho celular tem como principal finalidade efetuar e receber chamadas. Os aparelhos de hoje, porém, não só realizam as funções básicas para as quais foram fabricados, como oferecem outras possibilidades mais atrativas.
Assim, o celular ainda pode funcionar como câmera fotográfica, rádio, gravador, filmadora, TV, enfim, os aparelhos possuem tantas funções que as pessoas preferem “brincar” com eles invés de conversar com o olho no olho com o seu semelhante.
A necessidade de consumir aquilo que não se precisa, está levando o homem moderno ao ponto de valorizar demasiadamente a conta bancária do outro, em detrimento do seu caráter. No mundo atual, as pessoas estão valorizando mais o ter do que o ser. A grande dúvida é saber o preço de um ser humano.
Nadja Lira – Jornalista – Pedagoga – Filósofa