O quinto elemento

*José Vanilson Julião

O leitor viu que três europeus e um norte-americano assinaram a ata da proclamação da República dois dias depois do golpe contra Pedro II.

Os primeiros são o escandinavo Felipe Leinhardt, o italiano Ângelo Roseli, o austríaco Nicolau Bigois (todos comerciantes) e o cônsul americano Lyle Nelson (intendente em S. J. do Mipibu).

Agora o personagem central foi alvo de artigo em “Acta Diurna” do escritor Luís da Câmara Cascudo e aproveitado na obra “Livro das Velhas Figuras” (Volume III, página 90).

Cascudinho o define como abolicionista e republicano “incorrigível, honesto, íntegro, amante dos maiores valores éticos e morais.”

O canadense descendente de irlandeses Alexander James O’Grady (31/7/1845 – 1934) desembarca em Natal para chefiar o tráfego da estrada de ferro em construção da “Great Western”, em atividade desde o II Reinado (1873/75).

É iniciada (1878) no então “Nau de Refoles”. O primeiro trecho, Natal a São José de Mipibú, é concluído (1881). O segundo, São José de Mipibu a Lagoa de Montanhas, no ano seguinte e o último trecho para Nova Cruz em 1883.

Na fundação da Sociedade Libertadora Norte-Rio-grandense (1/1/1888) o Padre João Maria (presidente), assinaram ata Manuel Porfírio de Oliveira Santos (primeiro-secretário), major Antônio Pinheiro da Câmara (segundo-secretário) e tesoureiro Urbano Barata.

Muitos destes relacionados assinaram a ata da Proclamação da República e para bom entendedor basta. São formadas duas comissões:

Cidade Alta, com José Antônio, James O’Grady, José Gabriel, Antônio Caldas, Antônio de Viveiros, Zacarias do Rego Monteiro, Miguel Lobo, Virgílio Uzeda, João Lindolfo Câmara e Ângelo Roseli;

Ribeira, com o padre Francisco Constâncio da Costa, doutor Luís Antônio Ferreira de Souto, João Avelino Pereira de Vasconcelos, Belmiro Milânes de Loiola, Olímpio Tavares, Daniel Sampaio, Nicolau Bigois Laurentino, Odilon de Amorim Garcia, Joaquim Honório, José Leite e Jovino Barreto.

Assumiu a Intendência (Prefeitura) da capital potiguar (1896 – 1898). Foi o doador do terreno para a construção da primeira igreja presbiteriana da cidade (1893). Na época da pregação do revendo norte-americano William C. Porter.

Em 6 de setembro de 1884 casa com a norte-rio-grandense Estefânia Alzira Moreira Brandão (Natal, 11/11/1861 – Rio de Janeiro, 4/12/1951), filha de José Moreira Brandão Castello Branco (Goianinha, 1828 – 1895) e Ana Joaquina Teixeira de Moura, filha do coronel Estevão José Barbosa de Moura e Maria Rosa do Rego Barros.

O sogro foi jornalista, poeta, deputado provincial em dez legislaturas (a última como presidente do Legislativo no Império, que o genro ajudou a derrubar) e três deputado geral (federal). É o patrono da cadeira número cinco da Academia de Letras.

Filhos de James: Alzina Macfalane, Gentil Nabuco, Alexandre Lincoln e Omar Grant O’Grady, o conhecido engenheiro civil que também ocupou a cadeira de intendente municipal.

A “Vida Social” do jornal “A República” ainda registra o casamento da filha Alzira em 1907 e que passou a residir no Ceará-Mirim, até o marido ser transferido para o Rio de Janeiro como fiscal do consumo.

FOTOS DE ALGUNS PERSONAGENS MENCIONADOS NO ARTIGO ACIMA: