*Da Redação
Resultado das trocas culturais entre europeus e indígenas, vários mantos dos povos da antiga Pindorama estão espalhados pela Europa, preservados em coleções de museus.
Ao todo são 11 mantos que estão em museus europeus, um deles, dos mais bem preservados, será enviado de volta para o Brasil, trata-se da peça que se encontra no Nationalmuseet, na Dinamarca.
O manto em questão mede 1,2 metro de altura e 60 cm de largura e foi tecido com penas de guará. O responsável pelo retorno é o embaixador do Brasil naquele país, Rodrigo de Azeredo Santos.
Os tupinambás usavam mantos em ocasiões muito importantes, como o funeral de um ente querido, em assembleias e em rituais de canibalismo – as tribos indígenas do litoral brasileiro eram predominantemente canibais, e os tupinambás na Bahia, assim como os goytacazes no Rio de Janeiro, possuíam esse traço em sua cultura. Na Europa, os mantos eram usados pela realeza.
A importância para o Brasil é imensa. Enquanto artefato cultural, a peça ficará exposta no Museu Nacional, no Rio Janeiro. Inaugurado por Dom João VI, em 6 de junho de 1818, em 2 de setembro de 2018, o prédio sofreu um incêndio de proporções avassaladoras que destruiu todo o seu acervo.
Por isso, o retorno de peça tão antiga e única para o Brasil também é cercado de medo e de desconfiança. Tais sentimentos dizem respeito à maneira descuidada e criminosa pela qual a cultura do país sempre foi tratada por nossos preguiçosos políticos de carreira – gente quase sempre alheia à arte e à cultura.
Mas não apenas os políticos oferecem perigo: não nos esqueçamos do relógio do século XVIII e do quadro de Di Cavalcanti destruídos no início do ano.