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O retratista alemão do baronato de Ceará-Mirim II

Colaborador de Navegos, usando de seu ‘faro de repórter’ consagrado segue no encalço de artista alemão que retratou o Barão de Ceará-Mirim e consorte.

*José Vanilson Julião

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O professor universitário cearense, jornalista e pesquisador Ary Bezerra Leite – nas 1.420 páginas da “História da Fotografia no Ceará do Século XIX” – detalha, no oitavo perfil, sobre a permanência do alemão João Bindseil em Fortaleza.

Os pioneiros: o irlandês Guilherme Frederic Walter, o primeiro fotográfo nativo Joaquim José Insley Pacheco (1830 – 1912), o francês Augustin Letarte (“o segundo daguerreotipista itinerante”), Bernardo José Pacheco, Antonio César de Faria Villaça, João B. Thoma e o húngaro Carlos Kornis de Totvárad.

Na época, segundo Bezerra Leite, a novidade tecnológica da fotografia colocou em dúvida a sobrevivência no mercado dos retratos pintados a óleo. Mas que não afeta o Bindseil com prestígio alcançado pela realização do retrato de Dom Pedro II para a sala do presidente provincial (1857).

“Foi o artista preferido da Província”, como atesta em “Estrangeiros e Ceará” (1918), do médico, historiador e barão Guilherme Chandly de Studart (5/1/1856 – 25/9/1936) para a Revista do Instituto Histórico do Ceará.

Ele pinta o quadro da “Ceia Larga” da Capela do Sacramento (Catedral). E o da “Assunção da Virgem” sobre o altar mor, substituído pelo atual, vindo da Europa por iniciativa do bispo, dom Joaquim José Vieira (Itapetininga, 17/1/1836 – Campinas, 8/7/1917). A posse do religioso paulista ocorre em fevereiro de 1884.

Bindseil permanece apenas dez meses no cargo ao suceder o cearense Alcino Gomes Brasil, que, aos 33 anos, egresso da Academia de Belas Artes, fora nomeado para a cadeira de desenho do Liceu Cearense (17/7/1865).

A indicação gera escândalo pelo fato dele ser sobrinho do professor de Latim na mesma unidade, vereador, vigário-geral e governador do bispado, Hipólito Gomes Brasil (Aracati, 6/6/1822 – Fortaleza, 26/10/1899).

As datas do artigo anterior e deste sugerem que Brindseil chega ao Brasil no começo do segundo qüinqüênio da década de 40 (século XIX) e permanece na capital cearense pelos menos até os últimos cinco anos dos 1880.

A exposição dos historiadores sugere que as pinturas sacras desaparecem com a demolição da igreja matriz de São José (reconstruída em 1821) em 1938, a mando do bispo Manoel da Silva Gomes, para dar lugar à catedral metropolitana, concluída em 1978, portanto 40 anos depois.

Brindseil também é autor das “finas pinturas que adornavam as bandeirolas das portas do salão nobre do Palácio dos presidentes da província”, desaparecidas no conserto pelo qual passou o edifício após bombardeio no tempo de José Clarindo de Queiróz (Fortaleza, 22/1/1841 – Rio de Janeiro, 28/12/1893).

Clarindo, militar deste os 15, participa da Guerra da Tríplice Aliança (1865), retorna no posto de tenente-coronel. Foi presidente do Amazonas. Coronel (1880), brigadeiro (1890) e general de divisão. O Congresso Constituinte cearense o nomeia governador (7/5/1891). É deposto (16/1/1892) pelo golpe do marechal Manoel Deodoro da Fonseca (Alagoas, 5/8/1827 – Rio, 23/8/1892).