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O retratista alemão do baronato de Ceará-Mirim III

Colaborador de Navegos finaliza um conjunto de três artigos que resgatam a passagem pelo Brasil do alemão que retratou os Barões do Ceará-Mirim, dando-nos noticias sobre o artista

*José Vanilason Julião

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Os anfitriões do pintor João Bindseil, Kalkmann, Rosemund & Companhia, estão estabelecidos no Recife já em 1842. Conforme anúncio do “Diário Novo” (terça-feira, 22/11) com carga no veleiro francês “Hortence” para o Havre (Holanda).

Registra o mesmo periódico (segunda-feira, 18/9/1843) sobre leilão de fazendas francesa, alemã e suíça (seda, linho e algodão).

Ainda edital do inspetor da alfândega Miguel Arcanjo Monteiro de Andrade (oficial da ordem da Rosa e Cavaleiro de Cristo) sobre mercadoria a ser despachada pela repartição (terça-feira, 7/1/1845).

Assim como registro de entrada de embarcações no porto de Belém/PA (23/9) da barca “Sagrado Coração de Jesus” com lastro consignado em favor da firma (jornal “13 de Maio”, 30/8).

Vendiam gravuras na Rua da Cruz: – Vistas coloridas para ornamentos de casas, sendo uma tomada da ladeira da Misericórdia (Olinda), do Forte do Brum, e uma coleção de seis, em formato menor.

A variedade das mercadorias importadas: espingardas, pistolas, fardos de algodão, instrumentos musicais, selins, água de colônia, botões, papel, “obras de metal” (agulhas), peles, doces e vinho.

A dupla de comerciantes estrangeiros tinha relações com as outras províncias. Como o Ceará. De onde vinha o brigue alemão “Hiran” (140 toneladas), comandado pelo capitão Frederick Jorge Washmester.

8 de agosto de 1843 mais um exemplo: o leiloeiro Vicente Thomaz Pinheiro de Figueiredo Camargo põe em hasta pública para arremate 131 barricas com 14.450 libras de potassa “algum tanto arruinada.”

Em 30/8/1945 (“Diário de Pernambuco”) o inspetor alfandegário Miguel Arcanjo Monteiro de Andrade anuncia leilão peças consignadas aos associados e impugnadas “amanuense” Gabriel Afonso Riqueira.

1846: A prosperidade é confirmada por grande carga da escuna “Cristine” (Hamburgo): genebra, vinagre, aguardente, lona, brim, ferragens, vidros, chapéus de sol, espelhos, tabaco e lamparinas.

Vinhos de Bordeaux e da região da Champagne (França), do Reno (Alemanha), Málaga (Espanha) e da Ilha da Madeira (Portugal). “Tudo de superior qualidade”. Até 1.925 barricas de farelo e farinha de trigo.

FORTALEZA

Um dos Kalkmann, Henrique, se estabelece na capital cearense como agente da firma inglesa Ceará Water Company Limited, concessionária do serviço de água.

Foi cônsul prussiano na cidade e um dos fundadores da Associação Comercial (13/4/1866) e presidente da primeira diretoria efetiva, 26 anos após a similar pernambucana. Em 1869 retira-se para a Europa.

Ao contrário do que muita gente pensa, não só portugueses e brasileiros tinham escravos. Os estrangeiros de outras nacionalidades também.

Henrique Kalkman, por exemplo, publica anúncio no jornal “Cearense” (quinta-feira, 7/5/1868) sobre recompensa para quem encontrar o negro Livino, de 18 anos, natural do Crato. A fuga acontecera em 14 de março.

O reclame diz: – Mulato, claro, alto, seco, cabelo crespo, com falta de dois dentes na frente do lado de cima, quase sempre com a boca meio aberta, sem barba, vestido de calça de brim pardo e camisa de chita.

Segue: “O escravo há poucos dias foi negociado ao senhor Vicente Ferreira de Arruda, de Sobral, por intermédio do procurador Francisco Coelho da Fonseca.”