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O romance policial busca a verdade

Em suas conversas com o autor de O castelo, Janouch registra que para o mais estranho dos escritores modernos acreditava que a verdade é tudo o que o homem  precisa para viver.

*Franz Kafka

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Certa ocasião, quando Kafka viu um romance policial entre os livros em minha carteira, ele me disse:

“Você não deveria ter vergonha de ler algo assim. Afinal, Crime e Castigo de Dostoiévski não passa de um romance policial. E o Hamlet de Shakespeare? É um drama de detetive. No centro da trama está um mistério que vai sendo revelado aos poucos. Mas existe um mistério maior do que a verdade? A poesia é sempre uma expedição em busca da verdade.

– Mas qual é a verdade?

Kafka ficou em silêncio por um momento, depois sorriu maliciosamente.

– Parece que acabou de me pegar dizendo um vazio, mas na realidade não é bem assim. A verdade é o que todo homem precisa para viver e isso, porém, não pode obter ou adquirir de ninguém. Cada pessoa deve produzi-lo continuamente a partir de seu próprio interior, ou então ele deixará de existir. A vida sem verdade não é possível. Talvez a verdade seja a própria vida.

Trecho de Gustav Janouch

de conversas com Kafka

Quadro: “The Billy Boys” de Jack Vettriano

Capa de The Wild Detectives de Roberto Bolaño