*Gerinaldo Moura da Silva
A antiga Rua São José é marcada por uma série de construções antigas, mais precisamente residências das famílias mais abastadas do Ceará-Mirim, geralmente ligadas ao comércio ou a cargos públicos. Ainda se pode ver poucas casas menos imponentes, erguidas entre aquelas com seus grandes janelões, características dos que tinham condições melhores.
Várias dessas residências também já desapareceram ou sofreram modificações em sua arquitetura. Outras ainda resistem em ruínas como um espectro fantasmagórico cujo trabalho de restauro não acontecerá, então, tudo ruirá lentamente, restando apenas o alicerce.
Atualmente, a Rua São José tem o nome de Rua Dr. Manoel de Gouveia Varela. Como nossa cidade começou pelos lados do Rio Ceará-Mirim, podemos dizer que essa via começa na Avenida Presidente Café Filho (Rua da Estação) e termina na Praça Onofre José Soares (Quadra do Mercado).
É uma rua tranquila, e com um ar romântico que ainda recorda o passado áureo da época canavieira e do crescimento da cidade. Nela vamos encontrar nas proximidades da Rua Dr. Heráclio Villar (antiga Rua da Aurora), uma bela casa em estilo arquitetônico eclético, construída na segunda metade do século XX.
Segundo a poeta e advogada Heloísa Brandão, (Helô Brandão), acadêmica da ACLA- Academia Cearamirinense de Letras e Artes Pedro Simões Neto, a casa foi construída precisamente em 1954 pelo mestre de obras Manoel Marques, pai da senhora Lêda Marques e avô do ex-prefeito de Ceará-Mirim e atual presidente da Câmara dos Vereadores, senhor Ronaldo Venâncio.
A casa foi feita a pedido do senhor Cleto Brandão Formiga, que era baiano, soteropolitano (nascido na capital, Salvador), para morar com sua esposa a cearamirinense Margarida Maria de Oliveira Brandão e sua família. Seu Cleto Brandão, como todos o conheciam, recebeu o título de Cidadão Cearamirinense, quando ainda governava o Ceará-Mirim o ex prefeito Dr. Murilo Barros.
Heloísa Brandão ainda relata que a construção não sofreu grandes modificações durante esses 66 (sessenta e seis) anos, a não ser um primeiro andar, que foi erguido em 1959 e uma suíte no quarto da frente, a mando de Dona Margarida Brandão.
A professora universitária, aposentada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, do Departamento de História e escritora Maria das Graças Brandão Soares, relata que o solar abrigou inicialmente o casal Cleto Brandão e Margarida Brandão e seus 07 (sete) filhos, além de 02 (duas) senhorinhas idosas, sua avó e a cunhada dela.
Gracinha Brandão complementa a estrutura da casa, nos dando uma dimensão de sua grandeza, perceptível pelos que a observam ao passar em frente, pois a mesma nos chama a atenção pela beleza dos arcos da área de entrada. Era plana e possuía um belo jardim bem cuidado e florido, além de um depósito e um galinheiro e dois terraços.
Quanto à construção do primeiro andar, Gracinha Brandão se reporta ao mesmo como tendo sido destinado a um dos seus irmãos que havia se casado.
Depois do falecimento da matriarca dona Margarida Brandão, a residência ficou desocupada por alguns anos e sofreu um processo de depredação causando tristeza e medo aos transeuntes que por ali passavam, principalmente à noite, pois estava servindo até de esconderijo para marginais.
Hoje, a visão que temos ao adentrar à Rua São José/ Dr. Manoel Varela é de alegria com o solar totalmente restaurado dando vida aquele logradouro localizado no mais aristocrático e antigo bairro de Ceará-Mirim: o Bairro Santa Águeda.